Saturday, December 16, 2017

Acerca do pensamento gonzalo (Presidente Gonzalo, 1988

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Nota do blog: Publicamos a seguir um trecho da longa intervenção do Presidente Gonzalo durante as discussões sobre o documento sobre o pensamento gonzalo. Aqui o Presidente Gonzalo disseca os fundamentos do pensamento-guia; a necessidade e casualidade que determina a inevitável existência de uma chefatura comunista, e a relação entre estas coisas. Importantíssimas discussões para o Peru, ao Brasil e a todo o mundo, questão que se apresenta como de importância destacada para a Revolução Proletária Mundial.

Publicado originalmente em vnd-peru.blogspot.com por ocasião do Natalício do Presidente Gonzalo – 3 de dezembro. Aproveitar para rendermos nossas mais vibrantes saudações ao Presidente Gonzalo – mais importante prisioneiro de guerra do mundo e maior marxista-leninista-maoista vivente sobre a face da Terra – e também àqueles comunistas, combatentes e massas que, agarrando firmemente seu pensamento todopoderoso e sujeitos à sua chefatura, estão superando o recodo.

Tradução não-oficial.



11-12

Acerca do pensamento gonzalo

“Acerca do pensamento Gonzalo” tem uma parte introdutória, embora tal coisa não se expresse, é uma introdução e, portanto, tem cinco problemas.

Vejamos esta parte introdutória. Disse: “No seu processo de desenvolvimento, toda revolução, pela luta do proletariado como classe dirigente e, sobretudo, do partido comunista que desfralda seus interesses de classe irrevogáveis, gera um grupo de chefes, e principalmente um chefe que o representa e dirige, um chefe de autoridade e ascendente reconhecidos. Em nossa realidade, isso foi concretizado, por necessidade e chance histórica, no presidente Gonzalo, chefe do partido e da revolução”.

Em relação a chefes, e que caso tenha-se em conta o que LENIN estabeleceu em “sobre esquerdismo” em relação a massas, partidos e chefes; mas não é como os camaradas dissessem – que esta é a tese de LENIN – não é assim, camaradas, não leram bem LENIN, é preciso ler bem LENIN, conhecer bem. Se vocês pensarem detidamente, [verão que] aqui é especificado o problema da revolução, da classe dirigente (proletariado) e do partido, as três coisas estão sendo especificadas. É isso que deve-se ter em conta.

Recomendamos-lhe camaradas, temos que ler bem, estudar e pensar, esforçando-se por uma maior objetividade para entender o que o documento diz, não o que você tem na sua cabeça; que o que você tem na sua cabeça perturba, compreensível, mas temos a necessidade, a obrigação de ser objetivo, temos que combater o subjetivismo, é muito importante, então reparem nisso camaradas. Há três questões que são invocadas: a revolução, a classe dirigente(proletariado) e o partido, a ação dos três, é o que diz. Essas três questões geram chefes.

Todo processo do tipo que for, também de tipo literário, tem chefes, tem cabeças, e estes chefes não surgem em grandes quantidades e é necessário um tempo para serem forjados; LENIN insistiu nisso, mas isso já vem da MARX e é mais desenvolvido pelo presidente [Mao Tsetung]. É um punhado de líderes o que uma revolução gera em décadas, o que é gerado em um número maior são os dirigentes, uma quantidade maior ainda de quadros e toda uma massa de militantes.


No nosso partido estabelecemos há muitos anos uma relação entre massas, quadros e dirigentes com uma proporção. Essa proporção, dado o grande crescimento do partido, dos combatentes e das massas que trabalham mais perto conosco, desequilibrou essa proporção e, portanto, deriva a necessidade de preocupar-se muito em incrementar a militância, mas sem esquecer uma boa seleção, o que é possível por ter mais acesso às massas, haverá mais candidatos para selecionar militantes. Precisamos formar quadros, esses documentos contribuem para essa formação e também aumentam o número de dirigentes.

Camaradas, pensem no seguinte: no ano 1976, calculávamos mais ou menos a necessidade, então, de cerca de 75 dirigentes para fazer o partido marchar, mas o partido hoje é muito maior do que em 1976; e então pensem que temos um exército e pensamos que temos novo poder – [interrupção:] sirvam-se de copiar o que estou dizendo, não acreditem que têm uma grande memória; camaradas, alguns aqui acreditam que o que é dito é em vão, então eles não sabem o que retransmitir ou retransmitem besteiras e o fazem atrasado e mal; estamos no congresso e a atenção deve ser altíssima, todos estamos cansados, compreensível, mas isto não conta, o que conta é a obrigação – [prossegue:] bem, desculpem por esta interrupção, mas é necessário. Camaradas, se compararem então 1976 que precisávamos de 75 dirigentes, então quantos precisaremos hoje, entendem? E, principalmente o quê? Precisamos de um comitê central com um número adequado, e um bom comitê central! Comitê central bem adentrado na política partidária, que deve esforçar-se para estudar a teoria nos livros ou textos que o partido indica – não em outros, camaradas, porque dessa forma quebramos a formação unitária que devemos ter. São questões sobre as quais devemos pensar seriamente. Qualquer revolução mostra que apenas em décadas são forjados um número de chefes. Se pensarmos no glorioso partido bolchevique, o de LENIN e STALIN – mas principalmente de LENIN, que era seu criador, seu forjador – pensem: falamos de chefes e temos um STALIN, temos um SVERDLOV, um ZAERZINSKI, —— ———— para destacar verdadeiros chefes, poucos. A revolução chinesa é semelhante.

Mas o principal é que se gera um chefe, uma só cabeça que se sobressai nitidamente, bem acima dos outros, e é isso que temos que entender e não é por causa da vontade de ninguém, é a realidade da revolução, a classe e do partido, que exigem e promovem essa conformação. Se falamos de um chefe, temos, por exemplo, MARX, há aí uma cabeça notoriamente sobressalente, um cume. Se falamos do grande LENIN, há aí outro chefe de autoridade reconhecida e uma ascendência imensa. Ninguém podia comparar STALIN, com todos os seus méritos e grandeza, com a imensidade de LENIN, ninguém – e reitero, mais uma vez – LENIN não tinha nenhum cargo específico de secretário-geral, porque não havia tal coisa, foi – reitero – criado o secretariado geral no PCUS precisamente por proposição do próprio LENIN, e nisso se expressa também uma cimeira gloriosa. Ou no caso da China, o presidente Mao Tsetung: obviamente, nenhum dos chefes que a revolução chinesa gerou podem ser equiparados ao presidente Mao Tsetung, nenhum, e também temos uma cimeira gloriosa.
Existem aí os três maiores chefes da revolução mundial, porque essa é a sua dimensão. Eles também eram [chefes] de seus partidos e sua revolução concreta é subsidiária, porque o principal é que eles foram chefes da revolução mundial e eles nos estabeleceram, então, o grande processo de desenvolvimento do marxismo que representa o marxismo-leninismo-maoísmo. Em outro plano, sem pretender comparar de modo algum – não haveria razão, mas para ver que toda revolução precisa de uma cabeça – pensem, por exemplo, na própria Albânia (não pretendo relevar essas figuras, mas mesmo nessas revoluções deve haver uma cabeça): Hoxha na Albânia; Ho Chi Minh no Vietnã; Kim Il Sung, com toda sua apodrecida ideia de realeza, foi a cabeça, esse é o problema. Então sempre acontece, não há nada estranho sobre isso, mas é uma necessidade. ENGELS já insistiu nisso e nos disse que mesmo um movimento literário tem uma cabeça que o representa.

O problema está na definição de uma chefatura com “autoridade e ascendente reconhecidos”. O que seriam autoridades inquestionáveis? Sim, [inquestionáveis] para a linha vermelha, mas que sejam questionados e negados, “pão de todos os dias” [N.T.: expressão para algo corriqueiro, habitual].
Por acaso não foi negada, questionada e até mesmo vilipendiada a chefatura de MARX por um miserável rasteiro, serviçal do czar como Bakunin. Ou por um “doutor acadêmico” – repleto com ideias que nem ele atinava a compreender – como Dühring, que disse que o nosso glorioso fundador, MARX, era uma alma prussiana e de um conhecimento chinesco. Acaso não dizia isso, este indivíduo cujo nome só é lembrado porque está em uma obra de ENGELS? LENIN foi questionado ou não? É claro. O charlatão Trotsky, quantas vezes combateu LENIN, quantas vezes o negou? Não se deixem enganar por essa grosseira tergiversação apregoada que Trotsky era um leninista, sendo que o próprio LENIN o qualificava como um charlatão menchevique, um bolchevique tardio, que “subiu ao carro” [N.T.: expressão equivalente a “pegar o bonde andando” no Brasil]; uma das coisas pelas quais Trotsky se calou com a morte do grande LENIN, quando tinham que escolher o secretário-geral e, obviamente, com todas as limitações que o próprio LENIN apontou, correspondia a STALIN exercê-la foi um verdadeiro e autêntico bolchevique, uma dos coisas que levaram Trotsky a se calar e a fazer silêncio no congresso, onde a chefatura  e reconhecimento do camarada STALIN como secretário, foi o temor que teve Trotsky e que o fez sacar as cartas onde atacava e injuriava a STALIN, não esqueçam isso camaradas; e eu levo isso em conta porque os trotskistas se levantam muito como tolos e querem nos fazer passar gato por lebre e hoje eles continuam atormentando, infectando o movimento proletário, e alguns acreditam e repetem. Muitas coisas que estão sendo transmitidas hoje sobre STALIN são apenas repetições grosseiras do que Trotsky disse. Zinoviev também não atacou o LENIN? Kamenev e vários outros, acaso não disseram que LENIN estava louco quando propôs preparar a revolução de outubro e até chegaram a trair isso? São fatos, camaradas.

E no caso da chefatura do presidente Mao Tsetung, a luta foi ainda mais encarniçada. Essa luta, como é dito na história do P.C.CH., a luta contra os 28 bolcheviques e meio, aqueles que aprenderam em Moscou e queriam simplesmente aplicar o marxismo-leninismo à China na letra, mecanicamente. O próprio Chang Kuo-tao, ele não era um estudante que se fez comunista e acreditava ter sido chamado a grandes destinos e até mesmo ousou pressionar o comitê central a reconhecê-lo como secretário-geral, negando assim o presidente Mao Tsetung, cuja direção havia sido reconhecida no ano 1935, em Tsunyi? São fatos, camaradas. O próprio Liu Shao-shi, que por um tempo apoiou o presidente Mao Tsetung, não se tornou um negador do presidente? Ou TengSiao-ping, acaso ele não desenvolveu até mesmo um ódio pessoal contra o Pdte. Mao Tsetung? E mesmo Chou En-lai, na primeira parte até o ano 1935, não lutou contra as ideias do presidente e negou o presidente Mao Tsetung? Acaso não o chamava de camponesista e, mesmo com critérios absurdos, não o chamou de direitista? São coisas que devem ser lembradas. As chefaturas são reconhecidas no meio de intensas lutas.
(…)
Portanto, você não pode chamar a atenção por haver problemas em torno da chefatura. E em todo partido é onde esse problema é ventilado, no entanto, a própria realidade objetiva gera chefes e um chefe, principalmente um chefe que se torna um símbolo de uma revolução, ou [chefe] mundial no caso de um MARX, um LENIN, um Pdte. Mao Tsetung. Um exemplo pode ser visto esta condição, em que às vezes não é pensado e não é visto: os prisioneiros de guerra na revolução civil espanhola, não reanimavam o seu otimismo e reimpulsionavam vendo simplesmente um distintivo de LENIN, como disse o próprio Marcos Aria? Até mesmo ele disse isso e ele é um revisionista.
Estas são coisas que devemos entender, é hora de principalmente os dirigentes entendamos as coisas, porque, camaradas, é nos dirigentes onde esses problemas ocorrem, especialmente porque existem aqueles que acreditam que são chamados para grandes destinos e não sabem sequer medir suas capacidades, nem conhecem suas limitações e não conseguem ver o objetivo, [não são capazes de ver] o que esfrega o seu próprio nariz. Eu falo de fatos históricos, camaradas, não falo de afãs, falo de fatos históricos. O problema não é simplesmente ter lido ou repetido, o problema sempre será aplicar e, portanto, entender. Acreditamos que isso é importante.

Também neste primeiro parágrafo, devemos destacar como é que o Pdte. Gonzalo tornou-se chefe do partido e da revolução. (…). Aqui é bom, incidir neste ponto: necessidade e casualidade histórica, [este ponto] é mal-entendido e tergiversado. Por exemplo, os camaradas prisioneiros de guerra fizeram um shampoo, uma mistureba sobre esse problema, quando na verdade ele é claro e simples. Refiro-me ao que se chama necessidade e casualidade no marxismo.

ENGELS tratou deste ponto e disse que a ordem social é regida por leis necessárias. A palavra necessidade tem um significado claro e preciso, significa que se cumpre, que ela rege, isto é, independentemente da vontade individual das pessoas; necessidade, filosoficamente falando, é o que deve ser cumprido, a lei que tem que reger, isso significa necessidade. Em processos sociais, literários, por exemplo, há necessidade de alguém encabeçar um movimento, seja a cabeça de uma escola. Se você observar, por exemplo, a formação da língua espanhola, que nós falando, se concretizou em Cervantes. Ou isto pode ser negado? Tinha que ter alguém para moldá-lo, estabelecer suas normas, encabeçar o manejo da língua, como na Itália foi Dante – não “o Dante”, como é dito, é Dante, nada mais -, aí tem um exemplo, mesmo no mundo literário. Na ciência, a física contemporânea é conformada por um grupo de teóricos notáveis e, no entanto, precisava-se de alguém para encabeça-la na compreensão do macrocosmo: Einstein, é inegável, era necessário que alguém encabeçasse isso, é de maneira diferente, dá um grande passo na compreensão física do mundo. Ou na compreensão do microcosmo, um Planck que abre um novo mundo na ciência física. Era necessário, a lei exigia por necessidade que alguém encabeçasse o movimento. Ou em uma luta revolucionária, como estão nos exemplos ventilados no marxismo: A revolução francesa teve que ter necessariamente uma cabeça, por exemplo, Robespierre, isso é certo. ENGELS disse, então, que todo movimento em qualquer nível tem que ter uma cabeça, mas é uma lei geral e, como tal, é necessariamente cumprida.

Tanto que a casualidade – que é o nome mais preciso, porque às vezes só usar azar é muito impreciso, ainda que possa utilizar, camaradas, mas o termo é casualidade –, a casualidade, dizia ENGELS, não é senão como a necessidade coalha em determinada circunstância especificando um personagem, concretizando-se em uma pessoa. Volta o exemplo da física: ali se comprova, uma vez mais, como sempre são gerados oportunamente homens que a sociedade necessidade para desenvolver um campo de seu desenvolvimento (não se preocupem de pôr os nomes, porque são às vezes complicados e difíceis). Vejamos na física do século XX: temos um EDINGTON, um SOMMERFELD, um PLANCK, temos um SCHWINGER, um HEISENBERG, um SCHRÖDINGER, um DE BROGLIO, uma multidão de notabilíssimos físicos. Qualquer um deles, caso não existisse EINSTEIN, teriam conseguido estabelecer a relatividade, assim é o caso da física por exemplo, se revisarmos qualquer história da física encontraremos isso, mas a casualidade, as circunstâncias especificaram que fora EINSTEIN.

É assim que a necessidade é entendida, como lei; e casualidade como concretização dessa lei, e é assim que as cabeças são estabelecidas, assim como são estabelecidos os chefes e uma chefatura. O problema é simples e claro; a confusão deriva, por um lado, da falta de conhecimento ou da imprecisão do conhecimento, da confusão que existe, além das lutas em que tal situação se define. Dou-lhes um exemplo histórico da ciência, e apelo à ciência, porque nela há condições muito especiais, no entanto, ali também se dá em meio de contendas. Por exemplo: Quem criou ou descobriu o cálculo infinitesimal, NEWTON ou LEIBNIZ? Uma briga durante séculos e que ainda é discutido, já chegou a uma conclusão. Nesse caso, por exemplo, ambos descobriram de forma independente. No entanto, os seguidores lutaram muito para dizer que era NEWTON! Outros dizendo que era LEIBNIZ! Falaram que aquele roubou o outro, o que está claro é que a melhor notação foi a de NEWTON, é por isso que é usado aquele que ele estabeleceu. Lá estão elas, mesmo na ciência, onde, aparentemente, não deveria haver tais contendas, mas tudo é contradição.

Em qualquer atividade humana, consequentemente, onde os eixos são colocados, todas as escolas, todo desenvolvimento precisa de uma cabeça e uma chefatura, e em torno dessa chefatura há disputa, mas uma chefatura é especificada por necessidade e por casualidade históricas. E no nosso caso, no nosso partido foi especificado no Pdte. Gonzalo. Nós podemos gostar ou não gostar, camaradas, eu não gosto do verão, mas eu não faço caso, pois segue acontecendo. Compreendem o que quero dizer? Vocês dirão, mas as leis sociais não são como as da física, hein? Portanto, leiam o que MARX diz, que elas são diferentes, o que não significa que elas não sejam leis; elas têm um campo específico, mas são tão leis as sociais como as físicas.

Bem, como se especifica aqui a chefatura? “Chefe do partido e da revolução”. Não é uma ambiguidade. Por quê? De que estamos falando? Com o que estamos lidando? Com os documentos fundamentais do partido, como consequência, da revolução peruana, é assim que temos que entender o que diz aqui. Bem, nós sabemos que lá fora dirão outras coisas, será o problema deles, não o nosso. A chefatura foi estabelecida, reconhecendo-a – porque é isso o que cabe com uma chefatura: reconhecê-la – na conferência nacional ampliada do ano 1979, em luta, onde duas facções contenderam. Uma, [afirmou] que a chefatura era do Pdte. Gonzalo e que essa tinha que ser reconhecida. Em contrapartida, como tentaram se opor? Invocando Mariátegui – sublinho – invocando!  É que um dos “defensores de Mariátegui”, como o mesmo dizia y expressava pois seu pensamento, a lima de varandas e as colônias. Que maneira de ver lima! Para uma posição comunista… é bom para um poema de dom José Gálvez, mas não para um comunista, e ao fim e ao cabo, aqueles que invocaram Mariátegui nem o conheciam e ficaram atrasados ​​em 50 anos. São fatos, camaradas, é disso que falamos. Talvez possamos questionar: e Mariátegui, adquiriu ou foi reconhecido como chefatura, alguma vez vocês escutaram isso? Não, e por quê, se perguntam? Porque não teve tempo! Nunca esqueça que o fundador do partido morreu a menos que dois anos após a fundação do partido; por essa razão, nunca encontrarão nenhum documento que fale sobre chefatura de Mariátegui. Quem é o culpado? São, portanto, as situações concretas que se expressaram na realidade do país.

O segundo parágrafo nos diz: “mas também – e este é o fundamento de toda chefatura – as revoluções geram um pensamento que as guia como resultado da aplicação da verdade universal da ideologia do proletariado internacional às condições concretas de cada revolução”. O que deve ser destacado aqui para entender bem e não errar? Uma chefatura sustenta-se em um pensamento-guia, sobre uma aplicação, exigindo tempo para que uma chefatura seja reconhecida. Não é como se diz que a chefatura sustenta o pensamento Gonzalo, é absurdo, camaradas! É ao contrário. É o que o documento diz com muita clareza, porque não pode ser entendido de nenhuma outra maneira. Como opinam os camaradas? Pensam que o pensamento é uma lavagem, que a chefatura o sustenta, que absurdo! [A chefatura] se sustenta, se fundamenta sobre um pensamento, senão não há chefatura. Isso é o que devemos ver e que aqui está claramente.

Então nos diz: “pensamento-guia indispensável para alcançar a vitória e conquistar o poder e, ainda mais, continuar a revolução e manter o rumo sempre em direção a única grandiosa meta, o comunismo”. Que função cumpre um pensamento-guia? É o que é esclarecido aqui, de modo que serve e diz: “indispensável para alcançar a vitória e conquistar o poder”, sem isso, nem sonhar com conquistar o poder, senão, mostrem um só caso. Não há, camaradas. Mas, vamos além, para que serve? “Para continuar a revolução e continuar o rumo”. O problema de manter o rumo é fundamental! Porque se não for mantido, nós nos desviamos e se desviamos, a revolução é entravada, é dificultada, dilata desnecessariamente e pode levar a grandes derrotas, que demandara novo e mais incessante e redobrado esforço para continuar lutando e lutando pela revolução, para a conquista do poder e para a meta. Por quê? A revolução é incontível! Mas porque o pensamento-guia cumpre uma função, uma necessidade.

Segue dizendo: “pensamento-guia que, chegando a um salto qualitativo de importância decisiva para o processo revolucionário que ele dirige, é identificado com o nome da pessoa o plasma teoricamente e praticamente”. Compreenda-se bem, não podemos continuar com o absurdo do empirismo burguês do século XVIII, antimarxista, que é separar a teoria da prática, é negar que essa prática é a fonte de conhecimento. Não sabemos que, sem prática, não há conhecimento, não entendemos isso? O que entendemos então? Nada! Por acaso esse não é o ponto de partida da diferenciação entre marxismo e posição burguesa? Acaso não foi essa a primeira das teses estabelecidas por MARX sobre Feuerbach?
(…)

Certamente, eles se lançam contra princípios e realidades históricas que negam a classe, negam a ideologia, que é a “A” do marxismo. Aqui, a coisa notável é que vem um momento de “salto qualitativo de importância decisiva para uma revolução”. Qual é a nossa situação? Por que agora estamos planteando o pensamento Gonzalo? Porque estamos, portanto, em um salto qualitativo, decisivo. [Do contrário,] o que seria um congresso? Este Congresso não implica o balanço do que foi feito, não implica o estabelecimento da base da unidade partidária, não está implicando a colocação de bases sólidas para a conquista do poder em todo o país, dentro e em função da revolução mundial? Não vemos o salto? Somos tão cegos, tão míopes, tão estúpidos politicamente falando? Camaradas, não podemos mais consentir no partido com semelhante imaturidade de um partido maduro e a maturidade de um partido é consequência de um longo processo histórico, não é de indivíduos. É por isso que eles não entendem, estão confundindo a maturidade do partido com sua própria imaturidade individual, essa é a raiz concreta daqueles que não entendem esse problema, têm uma raiz pessoal nesse aspecto, é sua concretização, sua própria realidade que não o possibilita ver. Por que? Porque não busca, não se pensa a fundo sobre isso camaradas. Essa é a razão pela qual estamos dando esse salto no problema do pensamento.
(…)
O documento diz: “Em nossa situação, esse fenômeno foi primeiro especificado como pensamento-guia, depois como pensamento-guia do presidente Gonzalo e, mais tarde, como pensamento Gonzalo”. Bem, vamos procurar a correlação partidária, revolucionária e histórica de por que essas especificações foram produzidas. Pensamento-guia, II conferência nacional quando nos preparamos para gerar vazio no campo e criar um novo poder, essa foi a base histórica concreta. O referente ao pensamento-guia do Pdte. Gonzalo: sessão plenária do comitê central da III conferência. O que foi acordado ali? Grande salto. Dentro de qual plano? Conquistar bases. Importantes ou não na guerra popular? Obviamente, camaradas. Lá tem o correlato. Pensamento Gonzalo, já disse porque, não é uma elucubração gratuita. Por favor, então, camaradas, sempre pensem, meditem e refiram-se às coisas que são colocadas às circunstâncias do partido, às circunstâncias da guerra popular que é realizada, à revolução peruana, às necessidades da classe, do nosso povo. Ou desligam partido de classe e e povo? Sem significa que esta vanguarda – como alguns dizem – é do proletariado e do povo; não, camaradas. O partido é a vanguarda do proletariado, não é do povo. Aqui está outra coisa destacável.

Prossigamos, diz: “porque é o presidente que aplicando criadoramente o marxismo-leninismo-maoísmo às condições concretas da realidade peruana o gerou, dando assim ao partido e à revolução uma arma indispensável que é garantia de triunfo”. Existe ou não a aplicação criadora? Uma pequena palavra que alguns não gostam, [dizem que] é mecânica. Então? Quando simplesmente dizem “aplicação” – em algumas bocas! – não dizer “criadora” [pois dizem que] isso planteia mecânica – é o que eles acham. Então mostre, mostre! Não é um problema para regurgitar, [criar] confusão, este não é o problema. [O problema] é ver a história do nosso partido, os problemas que ele vai resolvendo. Porque a definição de pensamento-guia, pensamento-guia do presidente Gonzalo e pensamento Gonzalo? São problemas do partido. [Mas] como tudo eles enxergam através da pessoa, de seu individualismo, eles acreditam que é um problema pessoal e assim subjetivam a revolução e a convertem em realidade subjetiva, não objetiva. Camaradas, é bom para um frondizi, para um idealista, mas não para um marxista. Reduzir um problema social para questões subjetivas pode ser bom para um Feuerbach, antes de Marx. Isso é o que há para ver no fundo dessas coisas que estão lá. tudo tem seu fundamento, não é uma palavra escrita, nem é uma palavra que tenha sido dita sem pensar, o que, sem deixar de pensar, expressa seus erros.

Bem, diz o seguinte parágrafo: “o pensamento Gonzalo se forjou através de anos de intensa, tenaz e incansável luta para desfraldar, defender e aplicar o marxismo-leninismo-maoísmo, para retomar o caminho de Mariátegui e desenvolvê-lo, de reconstituição do partido e, especialmente, para iniciar, manter e desenvolver a guerra popular no Peru, servindo a revolução mundial e para que o marxismo-leninismo-maoísmo, principalmente maoísmo, tanto na teoria como na prática, seja o seu único comando e guia”. Aqui há coisas salinas que devem ser seriamente consideradas. Em suma, temos até agosto, porque agora só precisamos tomar uma posição e o que fazemos é dar fundamentos, porque os camaradas precisam dele para ser capaz de explicar, porque é compreensível que surjam perguntas. A primeira coisa a enfatizar aqui: “foi forjada ao longo dos anos”, sim, de anos, não é forjada em um dia ou dois anos nem em três anos, em longos anos! Vamos colocar um exemplo: quando tivemos uma reunião com os camaradas da Espanha, vendo o problema do pensamento-guia, do pensamento que chamamos pensamento Gonzalo, o camarada Roberto que encabeça o Partido Comunista de Espanha, acreditava que ele era o “pensamento Roberto”, eles apenas foram fundados há apenas seis meses e ele já acreditava que ele era “pensamento Roberto”. Não pode ser, camarada, quão fácil seria assim, não? Dessa forma não se gera pensamento em nenhum lugar da Terra. Por quê? Tudo tem um processo, absolutamente tudo, não há nada que não o tenha. Razão: porque tudo é contradição e contradição tem um curso, um processo. Foi intenso? Bem, as lutas que tivemos, acho que é uma prova. Tenaz? Bem, acho que fui persistente, caso contrário, não falamos sobre o pensamento Gonzalo hoje. Incessante? Claro, não devemos vacilar, devemos persistir, continuar, continuar, não devemos nos cansar!

Mas quais são as coisas? A primeira coisa que ele propõe é “desfraldar, defender e aplicar o marxismo-leninismo-maoísmo” e é compreensível, porque se não partimos da ideologia universal, de que aplicação vamos falar? Ou vamos criar, por originalidade, outra concepção do proletariado? Ali então os originais. Nisso, somos consequentes com a prática ensinada por Marx, Lenin e Pdte. Mao e os grandes marxistas que estiveram na Terra e que também nos ensinou o próprio fundador. O que o fundador do partido nos disse? “O único meio de ser livre e criar é levar a concepção do proletariado como um dogma, entendendo, portanto ……. Algumas pessoas acham difícil quando escutam a palavra dogma no marxismo e eu lhes digo que não leram bem LENIN. “Nosso antigo dogma”, e específica-o: “nossos velhos princípios inaplicados”. Acredito que todos entendemos isso, se confunde, porque a mente se repete “LENIN disse que não é um dogma”, mas ali se refere que não há aplicação mecânica, você tem que tentar entender o que LENIN diz em cada caso e em cada momento, não se pode contentar em repetir e com apreciações superficiais. Já vimos como o Pdte. Mao Tsetung só pode ser entendido se vemos como uma unidade tudo o que ele fez, para LENIN igual e para MARX, o mesmo. Isso é assim, camaradas. Sem ter feito isso, que aplicação seria? Será uma piada ridícula, penso eu.

Ele diz “para voltar ao caminho de Mariátegui e desenvolvê-lo”, chave: desenvolva-o! Sobre isso, dissemos, camaradas, longos anos no partido. Tive que redatar o documento do XIX pleno do Comitê Central, ano de 1966, e ali está escrito, o número 18 “Bandera Roja” – para os colegas -, está escrito que nunca se devia abandonar o caminho de Mariátegui, que deve continuá-lo e desenvolvê-lo. Lembre-se de como fomos combatidos. Do partido, o que disseram os “mariateguistas” do PUM, estes anteriormente vanguardista? [Diziam] que tomávamos Mariátegui não vendo que Mariátegui morreu nos anos 1930 e que o Peru tinha percorrido um longo caminho, porque já estávamos na década de sessenta. Eles não disseram isso? Bem, camaradas, por isso que o problema era desenvolvê-lo. Há razões para isso – se houver tempo vamos ver quando abordar a questão da Mariátegui – não colocar o desenvolvê-lo é não compreender que o tempo passa e novos problemas surgem, isto é, ficar no 1930 e… Veja! Mariátegui não é um pensamento universal! Veja! “Reconstituição do partido e, principalmente – de que? – iniciar, manter e desenvolver a guerra popular”. Isso é extremamente importante, este é o principal desta reconstituição do partido, retomar Mariátegui. Para quê? Porque no processo do pensamento Gonzalo que a guerra popular o conduziu, levou-o a materializar-se como pensamento Gonzalo. Eu acho que é assim, camaradas. Qualquer análise, por mais ligeira que fizéssemos da história do partido, prova o que eu disse recentemente: a guerra popular nos fez compreender profundamente coisas já conhecidas e nos fez entender muitas coisas novas, resolver novos problemas e ver novos problemas ainda pendentes de solução e nos faz entender também que há muitas outras coisas que terão de ser tratadas. Assim, neste processo, não se pode deixar de ver que é o retorno ao caminho de Mariátegui e desenvolvê-lo, não serve para ignorar o fundador. Eu acho que do fundador, de Mariátegui, muitos falam, mas poucos sabem sobre ele, muito poucos, e se eles o estudaram, não completamente, eu digo ……., que coisas ruins podem ser trazidas do cabelo, camaradas.

Então nos diz que “é uma necessidade partidária substancial estudar o pensamento Gonzalo”. “Necessidade partidária substantiva”, do partido. O que isso implica? [Necessidade…] dos dirigentes, dos quadros, dos militantes e principalmente dos dirigentes! Sublinho, principalmente dos dirigentes! Porque é aí que a bagunça é expressa e que não é aleatória, sempre foi assim em todo partido. Lembremos, então, o que dissemos com frequência: o comitê central é o vórtice da tormenta, ou seja, o centro da tempestade, nunca devemos esquecer. Mas por que precisamos deste estudo? “Para uma compreensão mais justa e correta da linha política geral e principalmente da linha militar”, para isso. Porque se o pensamento Gonzalo não é levado em conta, como vamos manejar a linha política geral e a linha militar – que é o seu centro – sendo que são derivados desse pensamento? É como tirar o rio da sua fonte, a lagoa de onde começa a fluir, ou você vê um rio sem um início? Talvez imaginem que os rios não têm nenhum começo – como alguns não vêem além do Rímac, não? Eles pensam que não tem começo – bobagens camaradas. Qualquer fato material em que os olhos pousam sempre se vê o caminho, processo, origem de algo. Consequentemente, é necessário manejar a linha e a militar em particular. Se começarmos negando, se começarmos centrando em Mariátegui…. Então pergunto: muito bem, conte-me agora a linha política geral de Mariátegui? E não me venham repetir os 5 elementos. Motivo: porque eu as fiz, camaradas, me digam agora a linha militar de Mariátegui, qual é? Agora me diga se estamos travando a guerra popular com essa linha. Nós não meditamos nem pensamos, e o presidente [Mao] nos disse que temos que usar nossas cabeças, ele nos disse que a cabeça é para pensar, é para isso que é a cabeça, assim disse o presidente, e o trabalho dos dirigentes é mover suas cabeças, principalmente mover a cabeça. Os camaradas chineses disseram: “os dirigentes devem mover a cabeça, mas alguns dirigentes pensam que precisam mover seus pés”, muito expressivo, muito expressivo o que os camaradas chineses disseram!

Bem, quando se trata do pensamento Gonzalo: para onde apontar? Ali diz: “aprofundar as particularidades da revolução peruana, a específica e própria”, porque se não tomarmos o específico, mal manejaríamos esta revolução que o partido dirige. Mas como o partido é uma entidade composta por um sistema de organizações, faz isso através de seus dirigentes, seus quadros, seus militantes que movem todas as outras organizações. Só assim “serviremos ao grande plano de desenvolver bases”, ao desenvolvimento da guerra popular e a perspectiva de conquistar o poder em todo o país. São razões eminentemente práticas, razões de demanda, demandas peremptórias, necessidades da revolução peruana. Como existem aqui muitos empiristas estreitos, então eu acho que eles entendem bem se nós dizemos: Prática! São razões práticas! Embora eu entenda camaradas, falar sobre prática demanda deixar o empirismo estreito, é claro, porque com o empirismo estreito nunca manejaram a prática com uma posição marxista, nunca. Eles farão empirismo bastardo, estreito, rastejando, sanchopansismo. Sim camaradas, devemos entender as coisas bem.

Outro parágrafo diz: “devemos estudar o pensamento Gonzalo partindo do contexto histórico que o gerou”. Razão: é a luta de classes a que forma a todos nós, é o partido que nos nutre de marxismo.