Nota do blog:
Publicamos a seguir trecho da Revista O Maoista nº 2 publicado como
parte da contribuição do Movimento Popular Peru (Comitê de
Reorganização) – organismo gerado do PCP para o trabalho internacional –
tratando sobre a questão agrária nos países dominados, seu processo de
evolução da semifeulidade com a penetração do capitalismo burocrático no
agro. Muito importante para estudo, sobretudo das novas gerações, para a
compreensão da questão-chave da revolução democrática.
Lenin sobre o problema agrário dentro da Revolução de Nova Democracia
(Um extrato do artigo sobre a situação
internacional, notas sobre o processo do capitalismo burocrático nos
países de terceiro mundo, aparecido no Nº1 de nossa revista)
Movimento Popular Peru (Comitê de Reorganização)
“…o desenvolvimento de um país capitalista PODE assumir duas formas. Primeira: os latifúndios subsistem e se convertem paulatinamente na base da exploração capitalista da terra. É o tipo prussiano de capitalismo agrário, no qual o Junker é o dono da situação. Se mantêm durante decênios seu predomínio político e a opressão, a humilhação, a miséria e a ignorância do campesinato. O desenvolvimento das forças produtivas avança com grande lentidão […] Segunda forma: a revolução varre a propriedade agrária latifundiária. O agricultor livre na terra livre, isto é, limpa de todos os rastros medievais, se converte na base da agricultura capitalista. O tipo NORTE-AMERICANO de capitalismo agrário. O MAIS RÁPIDO DESENVOLVIMENTO DAS FORÇAS PRODUTIVAS nas condições mais favoráveis para a massa do povo dentro dos marcos do capitalismo – “Em REALIDADE, na revolução russa não se luta pela ‘socialização’ e outras estupidezes dos populistas – isso não é mais que a ideologia pequeno-burguesa, frase pequeno-burguesas. Mas, pelo contrário, LUTA-SE por determinar que caminho seguirá o desenvolvimento capitalista da Rússia: o ‘prussiano’ ou o ‘norte-americano’. Sem compreender esta base ECONÔMICA da revolução, é impossível compreender absolutamente NADA a respeito do programa agrário”.
“…todos os cadetes – partidos da grande burguesia – fazem esforços sobre-humanos para esconder a essência da revolução agrário…Os cadetes confundem (conciliam) as duas LINHAS fundamentais dos programas agrários na revolução: a latifundiária e a camponesa. Depois, também em duas palavras no período de 1861 a 1905 se manifestaram já na Rússia os dois tipos de evolução agrária capitalista – o prussiano (desenvolvimento GRADUAL da fazenda latifundiária, em direção ao capitalismo) e o norte-americano (diferenciação do campesinato e rápido desenvolvimento das forças produtivas…” (As palavras em maiúscula estão em cursiva no original. Os sublinhados são nossos. O mesmo vale às citas posteriores. Isto é, no original de “Voz Popular”).
Eis aqui magistralmente os dois caminhos no campo, “base econômica da revolução” da qual tem que partir e cujo isolamento é absolutamente inaceitável. Mas, isto não é tudo. Lenin estabelece uma relação entre estes dois caminhos econômicos e dois caminhos políticos. No mesmo trabalho disse:
“O verdadeiro problema histórico planteado pelo desenvolvimento social objetivo histórico é este: evolução agrária de tipo prussiano ou de tipo norte-americano? Monarquia latifundiária encoberta com a máscara de pseudo-constitucionalismo ou República camponesa (de agricultores)? Fechar os olhos ante SEMELHANTE planteamento objetivo do problema pela história significa enganar-se a si mesmo e enganar aos demais, eludir, à maneira pequeno-burguesa, a aguda luta de classes, e o planteamento incisivo, simples e decidido do problema da revolução democrática”
Não podemos desembaraçarmos do Estado burguês. Só os pequeno-burgueses podem sonhar semelhante coisa. Nossa revolução é burguesa precisamente poeque nela se trava a luta não entre o socialismo e o capitalismo, MAS ENTRE DUAS FORMAS DE CAPITALISMO, entre dois caminhos de desenvolvimento, entre duas formas das instituições democrático-burguesas… Em nossa revolução não poderemos dar – não temos dado – um só passo sem apoiar, de um ou outro modo, a uns ou outros setores da burguesia contra o velho regime”.
Esta grande tese de Lenin é básica para compreender o problema agrário dentro da revolução democrático-nacional; no entanto, no país, há quem considera que estes dois caminhos já não são válidos na atualidade, este é um grande erro que só serve a obscurecer a questão e a encobrir apoio às medidas agrárias de tipo latifundiárias. O que se poderia plantear-se é que tal caminho se desenvolve hoje sob novas condições: o desenvolvimento do capitalismo burocrático e o uso de formas cooperativas e associativas em geral. O caminho camponês tem sido extraordinariamente desenvolvido e estudado pelo Mao Tsetung como pode-se ver no Tomo III de sua obra, 6. O problema agrário, Pág. 254.