EM 21 DE NOVEMBRO
DE 2020 POR SERVIR AO POVO DE TODO CORAÇÃOEM FORMAÇÃO, IDEOLOGIA, FILOSOFIA E
CIÊNCIA
Introdução
Tradução
não-oficial enviada por um leitor.
O artigo tratará das duas questões nas quais é fundamental
estabelecer uma unidade na compreensão do Marxismo-Leninismo-Maoismo,
principalmente Maoismo, a ser aplicado na transformação revolucionária do
mundo, consciente de todo seu potencial transformador como uma arma ideológica
todo-poderosa do proletariado internacional, organizado em Partidos Comunistas,
Marxista-Leninista-Maoistas, militarizados. Um Partido Comunista enquanto
partido distinto e oposto a todos os demais, cuja razão de ser é fazer a
revolução em cada país, à serviço da revolução proletária mundial, por meio da
violência revolucionária concretizada na Guerra Popular, para conquistar e
defender o poder.
As questões aqui abordadas são duas: 1. o que é fundamental
no Maoismo? Onde se vê o conteúdo da frase sintética: o fundamental no Maoismo
é o poder; e 2. O que é o Maoismo? Onde se aborda o problema de qual momento
histórico produz uma elevação a um terceiro, novo e superior estágio de nossa ideologia?
A resposta se refere à maior decomposição do imperialismo, um problema que tem
a ver com a contradição fundamental do imperialismo, expressa nas
circunstâncias de que, a cada dia, o imperialismo produz mais para satisfazer
as necessidades mais elementares da humanidade, enquanto bilhões de seres
humanos não têm tais necessidades satisfeitas, demonstrando que a expropriação
dos expropriadores está se aproximando e eles serão destruídos – disto, podemos
inferir seu avançado estado de decomposição. Com base em Lênin, que estabeleceu
que o imperialismo amadurece as condições para a revolução, tanto quanto o
filho desse pai moribundo, o capitalismo burocrático, amadurece as condições
para a revolução nos países oprimidos ou no Terceiro Mundo. E em relação ao
imperialismo, o que significa nos encontrarmos na nova fase do Marxismo?
1. O que é fundamental no Maoismo?
A resposta sintética é: “O Fundamental no Maoismo é o
Poder”1. De tal forma foi estabelecida no nascimento do Marxismo.
O Presidente Gonzalo clarifica-a da seguinte forma: É o
fundamental em Marx?, claro; quando Engels sintetiza o Marxismo disse: “pode
sintetizar-se assim: que tudo é uma luta em torno a conquistar ou defender o
Poder”.2, de tal forma, Engels o condensou e sintetizou; é certamente de
conhecimento de todos o quão profundamente Engels conhecia Marx, e como
debateram cada uma das teses de Marx, estas foram discutidas juntamente por
ambos, então Engels sabia bem do que dizia quando realizou essa afirmação. É
oportuno relembrar tais fatos, dado que o Movimento Comunista Internacional
(MCI) está celebrando o 200º aniversário do nascimento de Friedrich Engels.
Stalin diz: “A ditadura do proletariado, instrumento da
revolução proletária. A questão da ditadura proletária é, sobretudo, a questão
do conteúdo essencial da revolução proletária. […]
‘A questão fundamental da revolução é a questão do Poder’
(Lênin).”3
Se assim fora dito por Marx e Lênin, não pode ser de
qualquer outra forma para o Presidente Mao. Em todo comunista, é desta forma
que se estabelece e responde a questão fundamental do Marxismo.
O Partido Comunista é para a conquista do poder pela classe,
pelo povo, pela ditadura liderada por ele em todos os casos. Isso corresponde a
todos os comunistas porque isso está em todos os três [Marx, Lênin, Mao –
N.T.], e isso é fundamental. Basta lembrar que a tese do Presidente Mao com a
qual ele começa “Problemas da guerra e estratégia”, onde é levantada a questão
da validade universal – ali ele nos diz que a tarefa é a conquista do poder,
compreendido como “O Poder político para o proletariado, o Poder para a
ditadura do proletariado, o Poder baseado na força armada dirigida pelo Partido
Comunista.”4
O Poder Político é fundamental no Maoismo: esta é uma frase
sintética que deve ser clarificada; deve-se verificar seu conteúdo – seu
conteúdo pode ser colocado em três questões.” “Mais explicitamente: 1) O Poder
sob direção do proletariado, na revolução democrática;”5 Por quê? Porque, na
revolução democrática, fala-se de uma ditadura conjunta. O que o proletariado
ganha com isso? A liderança desta. “2) o Poder para a ditadura do proletariado,
nas revoluções socialistas e culturais;”6, de fácil compreensão, mas ainda sim
uma especificação necessária. “3) o Poder baseado em sua força armada dirigida
pelo Partido Comunista, conquistado e defendido mediante à guerra popular.”.7
Podemos facilmente, portanto, adotar essa frase sintética: O
Poder Político é fundamental no Maoismo, mas faz-se necessário expôr seu
conteúdo, isto é, o que está contido em cada uma dessas questões.
2. O que é o Maoismo?
À essa questão, como acima, o Presidente Gonzalo responde no
documento “Sobre o Marxismo-Leninismo-Maoismo”, do Primeiro Congresso do
Partido Comunista do Peru:
“O Maoismo é a elevação do Marxismo-Leninismo a uma
terceira, nova e superior etapa na luta pela direção proletária da revolução
democrática, o desenvolvimento da construção do socialismo e a continuação da
revolução sob a ditadura do proletariado, como revolução cultural proletária;
quando o imperialismo aprofunda sua decomposição e a revolução tem definido
como a tendência principal da história, em meio das mais complexas e grandes
guerras vistas até hoje e a luta implacável contra o revisionismo
contemporâneo.”8
E, na parte da definição enunciada acima que diz que “é a
elevação do Marxismo-Leninismo a uma terceira, nova e superior etapa – bem
definida – na luta pela liderança proletária da revolução democrática, o
desenvolvimento da construção do socialismo e a continuação da revolução sob a
ditadura proletária”, levanta-se a questão de sua localização histórica.
Em que momento se deu essa síntese? No 9º Congresso do Partido
Comunista da China, se diz que o Maoismo, ou Pensamento Mao Tsetung, como era
chamado na China na época, referia-se ao colapso do imperialismo e o triunfo do
socialismo; mas para a definição, foi decidido tomar as próprias ideias do
Presidente Mao. Ele fala da decomposição do imperialismo, assim ele nos diz,
então é melhor tomar suas contribuições originais, em especial, na definição do
mesmo. Portanto, define-se o momento histórico do Maoismo como sendo: “quando o
imperialismo aprofunda sua decomposição e a revolução tem definido como a
tendência principal da história”.9 O posterior também é a tese do Presidente
Mao. “[…] em meio das mais complexas e grandes guerras vistas até hoje […]”10.
Obviamente, a Segunda Guerra Mundial, as guerras de libertação nacional, a
Grande Revolução Chinesa – são estas grandes guerras ou não? O Presidente
Gonzalo as conecta com a afirmação do Presidente Mao, clarificando o motivo
para tal questão: O que nos disse Lênin? Que uma era de guerras complexas
estava se abrindo, não é isso? O Presidente Mao é um produto disto. Além disso,
a definição diz: “e a luta implacável contra o revisionismo contemporâneo.”.11
Sim, a luta do Presidente Mao contra o revisionismo foi implacável!
Notas sobre a decomposição do imperialismo
As relações econômicas e políticas que estão se
desenvolvendo no mundo atualmente são produtos do processo de decomposição do
imperialismo. Como podemos definir este momento, este período em que estamos
nos desenvolvendo? Onde encontramos essa questão? No próprio Presidente. A
decomposição do imperialismo é maior a cada dia, e, com suas próprias posições,
ele coloca isso. Quem pode negar a maior decomposição do imperialismo a cada
dia – não está o Imperialismo decaindo cada vez mais? Está se decompondo, está
apodrecendo; se alguns podem dizer que produzem mais, em que diabos isso
importa? Essa é a questão. Se produzem mais, o que estão fazendo é mostrar que
existem todos os meios para satisfazer as necessidades elementares [da
humanidade – N.T.]. O que foi dito pelos imperialistas no final da Segunda
Guerra Mundial? Que seria o suficiente trabalhar quatro horas para que todas as
necessidades fundamentais da humanidade pudessem ser satisfeitas. Bem, o salto
de 1950 para 1975 duplicou a produção de 1900 para 1950, e a produção de 1900
para 1950 é igual a produção de toda a humanidade desde seu início. Vocês podem
imaginar isso? Isso mostra que os tempos de expropriação dos expropriadores
estão chegando e que eles vão ser destruídos, é por isso que estão se decompondo.
Alguns dizem que Lênin estava errado acerca do Imperialismo ser a véspera da revolução proletária, porque é ostensível que os imperialistas têm mais foguetes e mais armas, mas, não seria isso uma expressão de fraqueza por parte do imperialismo? Ao longo da história, isto sempre foi uma expressão de fraqueza. O que o Marxismo diz é que o imperialismo impede toda a capacidade que os meios de produção existentes têm, mas ele não diz que eles – os imperialistas – não produzem; isso é o que Hoxha nunca entendeu em sua miserável existência; alguns se confundem e outros repetem a confusão, não compreendem o problema, essa é a questão. Ou seja, a decomposição do imperialismo e sua artilharia sempre crescente é um sinal de fraqueza, e não de força; olhe para qualquer história ou veja a história em profundidade e você compreenderá, qualquer história militar mostra isso.
Sobre a localização história do Maoismo
Aqui, fica claro o porquê da dedução de que o Leninismo é a
ideologia do proletariado em todo o período histórico do Imperialismo ser
falsa, e esclarecemos, da maneira como foi explicado anteriormente, os
fundamentos do Maoismo, e como localizá-lo historicamente. Deste último, surge
um problema em relação a uma nova etapa da ideologia do proletariado: pode-se
dizer que a ideologia é correta, mas “que aqui é evitado o problema, o fato de
estarmos na época do imperialismo”; até hoje é difícil entender qual é a razão,
ou o que significa estarmos na época do imperialismo. O que isso tem a ver com
uma nova etapa de nossa ideologia, e por quê? Já foi lido tantas vezes – por
muitas organizações, que afirmam que não pode haver uma terceira etapa – porque
estamos na era do imperialismo. Seria este um motivo suficiente? Não, é um
motivo sem fundamento algum. De onde vem esse pensamento errôneo? Ele possui
duas fontes:
Primeira: de uma interpretação incorreta do que fora dito
pelo Camarada Stalin em 1924, na Universidade Sverdlov. Não podemos esquecer
que esse pronunciamento é de muitos, muitos anos atrás. Se contarmos o tempo
passado após o Primeiro Congresso do Partido Comunista do Peru, fazem noventa e
seis anos que ele disse isso, mas o que diz o camarada Stalin? Não devemos
apenas ler este pequeno pedaço do discurso do companheiro Stalin, devemos ler
tudo o que se segue e é desenvolvido pelo companheiro; ele diz, por exemplo,
que Marx e Engels estavam na era pré-revolucionária, e o que acontece é que
entramos numa época em que a revolução já está madura. Foi o que Lênin disse,
em essência, sobre o imperialismo. É isso que ele diz, não diz mais; onde ele
diz que não pode haver outro pensamento ou outra nova etapa? Não o faz em
nenhum lugar, nem poderia tal argumento ser derivado dessa declaração do
camarada Stalin. Então, não só fazem 96 anos que o camarada Stalin fez essa
declaração, mas também não há uma negação de uma possibilidade de uma nova
etapa do Marxismo. Aqui, o camarada Stalin posiciona o Leninismo,
historicamente, dentro do Imperialismo, mas não podemos derivar disso que “O
Leninismo corresponde a todo o período histórico do Imperialismo”, esta seria
uma falsa dedução. Se planejamos ler esta palestra de Stalin – podemos lê-la,
ela está em “Sobre os Fundamentos do Leninismo”, todos conhecemos esta obra –
devemos lê-la completamente, e não somente onde nos é conveniente.
“Que é, afinal, o Leninismo?
O Leninismo é o Marxismo da época do imperialismo da
revolução proletária. Mas exatamente: o Leninismo é a teoria e a tática da
revolução proletária em geral, a tática da ditadura do proletariado em
particular. Marx e Engels militaram no período pré-revolucionário (referimo-nos
à revolução proletária), quando o imperialismo ainda não estava desenvolvido,
no período de preparação dos proletários para a revolução, no período em que a
revolução proletária ainda não se tornara uma necessidade prática imediata.
Porém, Lênin, discípulo de Marx e Engels, no período de pleno desenvolvimento
do imperialismo, no período do desencadeamento da revolução proletária, quando
a revolução proletária já havia triunfado num país, havia destruído a
democracia burguesa e iniciado a era da democracia proletária, a era dos
Soviets.
Por isso, o Leninismo é o desenvolvimento ulterior do
Marxismo.
Costuma-se pôr em relevo o caráter extraordinariamente
combativo e extraordinariamente revolucionário do Leninismo. Isso é de todo
justo. Mas esta característica do Leninismo se explica por dois motivos: em
primeiro lugar, pelo fato de que o Leninismo brotou da revolução proletária,
cujo selo não pode deixar de ostentar; em segundo lugar, pelo fato de que se
desenvolveu e fortaleceu na luta contra o oportunismo da II Internacional, luta
que e continua a ser condição necessária preliminar para o êxito da luta contra
o capitalismo. Não se pode esquecer de que entre Marx e Engels, de um lado, e
Lênin, de outro, se estende todo um período de domínio sem contraste do
oportunismo da II Internacional. A luta implacável contra o oportunismo não
podia deixar de ser uma das tarefas mais importantes do Leninismo.”.12
Segunda fonte: o que está escrito na primeira parte da
citação de Stalin é a mesma coisa que o 10º Congresso do Partido Comunista da
China afirma. Podemos ler no relatório do 10º Congresso: “Ainda estamos na era
do imperialismo […] o Leninismo é o Marxismo da era do Imperialismo […] a era
não mudou“.13 Mas o que é o 10º Congresso? Não seria ele representado pelo
retorno da direita, pelo retorno de Deng? Nele, Deng retorna ao comitê central
– e por que retornou? A ala direita teve peso, ou não? Recuperaram posições no
Partido durante a complexa luta de classes. Por que, então, o que o 10º
Congresso diz têm algum valor? Será que o 10º Congresso deveria, de qualquer
maneira, ser um ponto de referência? Olhando para o 10º Congresso, uma coisa é
o que Chou En-lai disse ao apresentar o relatório político e outra coisa é o
que Wang Jun-wen especifica ao apresentar os Estatutos, vê-se que há luta e
contenda, não podemos jamais esquecer disto. Depois, começa a ser questionado o
acordo do 9º Congresso, que estabeleceu o Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao
Tsetung, separado por hífens. Antes do 9º Congresso, era separado por uma
vírgula – há aqui uma diferença. Afirmar o Marxismo-Leninismo, Pensamento Mao
Tsetung é uma coisa, mas posteriormente mudou-se a forma de sua enunciação,
separada por hífens. Invocou-se o congresso de retorno dos direitistas, onde há
uma luta acirrada. Lembre-se que a companheira Chiang Ching era uma
porta-estandarte consistente do Maoismo. O julgamento que esse miserável Deng
lhe deu prova isso, e é impossível que eles pudessem quebrá-la. Enquanto Wang
Jun-wen, que era considerado o futuro campeão, aquele que deveria seguir Mao,
miseravelmente se ajoelhou, enquanto Yao Wen-yuan se ajoelhou e pediu
misericórdia, a camarada Chiang Ching não se ajoelhou, nem o camarada Chang
Chun-chao, mas foi a camarada Chiang Ching que ficou com a bandeira, isso é o
que deve ser entendido. Sem negar o papel do companheiro Chang Chun-chao,
[devemos reconhecer que seu papel – N.T.] não é o mesmo que o papel da
companheiro Chiang Ching na Grande Revolução Cultural Proletária. Os fatos são
fatos, não podem ser negados com palavras. O papel da camarada Chiang Ching na
GRCP foi extraordinário! E ela guardou a bandeira do Maoismo sem se ajoelhar,
enfrentando Deng e sua gangue revisionista em seu “julgamento”, chamando-os de
fascistas, de revisionistas, e dizendo que: Vocês não têm deus nem lei. Quem
disse isso? Não foi ela?.14 Devemos lembrar disto.
Voltando ao assunto, diz-nos o Presidente Gonzalo que não
basta invocar o argumento de que o Imperialismo é a localização histórica do
Leninismo, nem se pode dizer que não há espaço para uma nova etapa, para negar
o Maoismo. Por quê? Sobre o capitalismo: o capitalismo é um modo de produção –
é o último, ou não? Ou o imperialismo é outro modo de produção? É claro que o
capitalismo é o último modo de produção. O que aconteceu é que um capitalismo
pré-monopolista e um monopolista foram especificados. Isso é o imperialismo,
nada mais. Veja como o que era uma unidade – o capitalismo – é diferenciado em
duas partes, ou não? Agora, o imperialismo será sempre o mesmo ou terá um processo
de desenvolvimento? Em resumo, a decomposição do imperialismo está aumentando
ou sempre foi a mesma? Então, deve-se definir os momentos do processo do
imperialismo, ou ele não terá um processo? Não há nada na terra que não tenha
seu processo. Portanto, como está, não há razão para que este processo de
decomposição não gere uma nova etapa. Portanto, não se trata de não se encaixar
no mesmo estágio, porque não temos aqui algo estático. Além disso, nunca foi
dado fundamento algum a este argumento, apenas se diz que não é possível
encaixar outra etapa do Marxismo no Imperialismo, mas não se diz o motivo,
porque tal argumento é apenas uma declaração baseada no que o camarada Stalin
disse em 1924, ou repetindo o que o 10º Congresso disse, carecendo de fundamento.
Aqueles que defendem essa tese teriam que antes provar que não há espaço para
uma nova etapa da ideologia científica do proletariado em toda a etapa do
capitalismo monopolista, ou do imperialismo.
A respeito da luta pelo Maoismo
O ano de 1935 é um marco na questão do estabelecimento do
Pensamento Mao Tsetung, mas seria preciso procurar suas raízes, seu passado, de
onde ele começa a ser gerado. É melhor explicar o anterior: é em 1924 que o
Leninismo começa a ser considerado, ou não é este o caso? É só então que ele
começa a ser considerado como uma nova etapa do Marxismo; mas as ideias
Leninistas começam historicamente em 1903. Devemos olhar também para o Maoismo,
que acreditamos ser muito importante, pois ele remonta a 1927: “O poder
político nasce do fuzil.”.15 O caminho para cercar as cidades a partir do
campo, a Guerra Popular, em suma, um momento muito importante. Talvez fosse
possível encontrar sua origem até mesmo antes disso. No entanto, o que devemos
enfatizar é que precisamos olhar para o passado e considerar onde as ideias
Maoistas estavam começando a se diferenciar, ou emergirem. “quando o Presidente
Mao assume a direção do Partido Comunista da China; em 1945, o VII Congresso
concordou que o PCCh se guiava pelo Marxismo-Leninismo e o Pensamento Mao
Tsetung”16, foi o camarada Jen Bi-shi que levantou a questão no VII Congresso.
No 8º Congresso, falava-se apenas de Marxismo-Leninismo, mas
este fora dominado por uma linha direitista, a de Liu. No 9º Congresso, que é o
maior dos Congressos do Partido Comunista da China – houveram dois grandes
Congressos, afinal, o 7º e o 9º Congressos, 1945 e 1969 – foi lá que foi
sancionado que o Partido Comunista da China é guiado pelo
Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsetung, esse foi o avanço que foi feito. Nos
anos 50, o Maoismo se espalhou pelo mundo e mais ainda na Revolução Cultural,
com ainda mais justeza; é assim que a fórmula ou formulação do
Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsetung começou a ser tomada mundialmente.
O Presidente Gonzalo afirma que devemos levar em conta como
o Maoismo se desenvolveu, e vê-lo como uma unidade.
Com a morte do Presidente Mao, o Maoismo tem que enfrentar o
triplo ataque dos soviéticos, dos revisionistas chineses e do Partido do
Trabalho da Albânia. Hoxha já morreu, mas foi ele quem artisticamente atacou o
Presidente.
No caso do PCP, é notável que foi a Guerra Popular que
também permitiu ao Presidente Gonzalo e ao PCP entender o Maoismo como uma
nova, terceira e superior etapa do Marxismo. Diante do triplo ataque
revisionista contra o Maoismo, foi declarado que tinha chegado o momento de
assumir a defesa do Marxismo e que este triplo ataque seria apenas um prólogo
de seu novo desenvolvimento. Fácil de entender, não é? Porque o Marxismo sempre
se desenvolveu em luta.
Mais uma questão de grande importância é o que o Presidente
Mao disse em uma reunião com representantes do Partido do Trabalho da Albânia,
analisando a revolução cultural, vai levantar e, em um dado momento, perguntar
aos camaradas chineses – não aos albaneses porque, sendo eles convidados, seria
indelicado; ele perguntou a eles: “Qual é o objetivo da presente Revolução
Cultural?”. Responderam os camaradas chineses: “Recuperar o poder”. Ele diz:
“isso será um método, uma meta, o objetivo é remodelar a alma!”17 Remodelá-la,
a fim de haver uma ideologia firme e sólida. Se isso não for alcançado, e
enquanto não for alcançado, sempre teremos problemas. A questão é essa. É isso
que devemos visar, na ideologia: remodelar a alma do povo, como ele disse. Se
esmagamos mil revisionistas, dois mil surgem em seu lugar – por quê? Porque a
questão não é simplesmente destruí-los. A questão está em remodelar a alma do
povo, transformar a ideologia, é isso que diz o Presidente Mao. O Presidente
Gonzalo estabeleceu claramente o que mais precisa ser enfatizado do Maoismo e,
portanto, sobre A GRANDE REVOLUÇÃO CULTURAL PROLETÁRIA, ele especifica: A
Grande Revolução Cultural Proletária, numa perspectiva histórica, é o
desenvolvimento mais transcendental do Marxismo-Leninismo feito pelo Presidente
Mao. Mas por que dizemos “em uma perspectiva histórica”? Ele nos deu um exemplo
negativo, dizendo: Por exemplo, a RIM fez uma campanha em 1987, “Seguir o
Caminho Delineado por Mao Tsetung!”18 para focar em dois problemas: os dez anos
do falecimento do Presidente Mao, e a Revolução Cultural; o PCP colocou-se em
objeção porque não é possível celebrar a morte de um líder – e daí, eles
começaram a focar na Revolução Cultural. O nome dado à campanha foi este para
evitar conflitos com o PCP, porque, à época, alguns falavam de Pensamento Mao
Tsetung, outros de Maoismo, e para evitar conflitos, eles inventaram essa
solução inteligente e salomônica. Habilidoso, não é? “O Caminho Traçado”, nem
um nem outro, e sim uma terceira posição. Que incrível solução esta – tinhamos
dois, não, três problemas! Que disparate! Acobertamento! O contexto foi o
desejo de impor o Pensamento Mao Tsetung, este fora o contexto.
O Presidente Gonzalo continua, sobre a mesma questão [dado
que o artigo se referia a seguir o caminho de Mao Tsetung e discorria sobre a
Revolução Cultural – N.T.]: seria a tarefa atual do Estados Unidos – USA, uma
Revolução Cultural? Primeiro eles terão que fazer uma revolução socialista,
disseram eles nos anos 90; bem, seria incrível se isso fosse feito. Mas como
estão caminhando em direção a isto, o que será feito – em suma – nós
adoraríamos que isso fosse feito, e teria imensas repercussões no mundo, é
claro. Como podemos não concordar com a revolução que está sendo feita no USA,
não seria ela muito boa para nós? E se ela fosse realizada na URSS, dançaríamos
com as mãos no chão, felizmente, porque ela derrubaria uma camarilha sinistra e
amaldiçoada, não é verdade? É claro que concordamos, como não poderíamos? Mas
sabemos bem que a realidade não nos leva a isso, temos que entender isso.
A revolução cultural não é a ordem do dia; a tarefa pendente
é a de definir a nossa ideologia: Ela é o Maoismo? Se não, o que é? Houve
oposição no Movimento Internacional Revolucionário – MIR contra a definição de
Maoismo dada pelo Presidente Gonzalo. Há uma definição do PCP e duas contra,
algumas dizendo Pensamento Mao Tsetung, e outras simplesmente
Marxismo-Leninismo. O Presidente Gonzalo afirma categoricamente que a revolução
democrática está na agenda; a revolução socialista também, mas principalmente a
revolução democrática por causa do peso das massas na história. É por isso que
dizemos “A Grande Revolução Cultural Proletária em perspectiva histórica é o
mais transcendental do desenvolvimento do marxismo-leninismo”19. Ela já foi
realizada, é claro, mas não é dela que precisamos neste momento. Hoje, já temos
a solução, já sabemos o que deve ser feito quando a oportunidade chegar.
A Revolução Cultural Proletária “é a solução do grande
problema pendente da continuação da revolução sob a ditadura do proletariado”20,
sim, a questão pendente já fora resolvida, porque, se não fosse esse o caso,
então estaríamos desarmados frente à restauração pacífica. O Presidente Mao,
anos antes, já havia nos dito que: “Sabemos tomar o poder com armas, ninguém o
tira de nós com armas, mas não sabemos como conjurar a restauração, não sabemos
como impedir que o capitalismo volte a dominar, de usurpar a liderança do
Partido, não sabemos disso“; bem, agora sabemos, ele já resolveu esta questão.
Isso não significa que não tenhamos que lidar com restauração e
contrarrestauração; apenas esperamos que a perspectiva histórica nos permita
evocar isso no final. Isto é possível, porque se começamos em 1971, desde o
século passado, em 2071, já temos mais de 100 anos, então o poder da classe tem
que assentar, e ele se assentará nessas próximas decadas, isto faz parte de
nosso trabalho. Mas a questão já está resolvida, camaradas, a continuação já
está lá e este é um novo problema com uma perspectiva transcendental.
A Revolução Cultural “constitui uma nova fase no
desenvolvimento da revolução socialista em nosso país, uma etapa mais profunda
e extensiva”21, como dito pelo Presidente Mao.
Devemos analisar duas questões: “1) que a GRCP implica um
marco no desenvolvimento da ditadura do proletariado em direção à consolidação
do proletariado no Poder”22. Como se consolida esse poder? Pelo Comitê
Revolucionário. Este é um desenvolvimento de como aprofundar, como avançar a
ditadura do proletariado, porque na Revolução Cultural Proletária, não era o objetivo
fazer Comunas Populares, como crê Avakian, tentando implicar que o Presidente
tentou impedir Chang Chung-chao de fazer a Comuna. Isso é uma infâmia em
relação ao Presidente Mao Tsetung. A intenção era estabelecer a Comuna Popular
de Shanghai nos anos 50, e ela foi estabelecida, mas não durou muito, pois
ainda não haviam amadurecido as condições para tal; quando a Revolução Cultural
Proletária, em Shanghai, retornou a mesma, o camarada Chang Chung-chao –
devemos ressaltar que isso não é um demérito frente a sua grande condição de
revolucionário que não se ajoelhou perante ao revisionismo, isto é uma grande
honra – mas o camarada, assim como Wuang Jung-wen, levantou a Comuna, mas a
Comuna ainda não estava madura e o problema chave que precisava ser amadurecido
ela a liderança do Partido.
Outra questão a ser definida é que a revolução é a tendência
principal da história. Sim, ela é a tendência principal no mundo, historica e
politicamente. É isso que deve ser enfatizado, não é só a perspectiva histórica,
mas também política – ela já é a questão atual. Isto é dizer que é por ela que
devemos lutar. Isto é combinado com a previsão do período de 50 a 100 anos. Mas
por que o Presidente Mao colocou esse cálculo específico com tamanha maestria:
de 50 a 100 anos? Porque é neste período que o imperialismo e a reação devem
ser varrida da face do planeta, e, portanto, será este o período da revolução
mundial. É “o período que se abre de luta contra o imperialismo ianque e o
social-imperialismo soviético, tigres de papel disputando a hegemonia mundial”,
é claro, outra questão-chave do Presidente Mao. O princípio militar é bem
combinado: revolução mundial, a sua tendência, o peso das massas, o período de
50 a 100 anos; tudo é especificado e isso é magistral, camaradas, é lamentável
que não seja visto dessa maneira. Potências hegemônicas, é claro, são duas; há
duas que podem desenvolver ou desdobrar uma guerra mundial – o imperialismo
ianque ou o social-imperialismo soviético – tigres de papel, diz o Presidente
Mao. Não devemos temê-los, eles podem ser trespassados, ele ensinou, é uma
citação do Presidente Mao como se opor à guerra atômica: “primeiro devemos
condená-la e depois nos prepararmos antecipadamente para nos opormos a ela com
a Guerra Popular“. Tudo está de acordo com o que o Presidente Mao propôs.
Agora, diz o Presidente Gonzalo, vejamos a questão das
nações oprimidas. São ou não são elas as que abrigam as imensas massas da
Terra? Dois terços ou setenta por cento, massas imensas. Mais quantidade, menos
quantidade, esse não é o problema, porque algumas situações podem mudar, sim,
porque a revolução não é reta, é em ziguezague, mas se mantém o fato de que que
as nações oprimidas têm a imensa massa da Terra. Além disso, o crescimento das
massas é imensamente maior do que o aumento dos opressores nas nações
opressoras, dos países opressores, dos imperialismos, ainda mais considerando
que eles mesmos oprimem seus próprios povos. Basta ver as taxas de crescimento,
aproximadamente 70% dos nascimentos ocorrem no mundo atrasado e isto continuará
a aumentar cada vez mais. É um bom momento, é claro, porque o peso das massas
começou a se expressar cada vez mais na história, e isto é fundamental. Se as
massas fazem história, e esta é uma grande verdade, então o peso das massas vai
decidir a revolução no mundo. Este peso, onde ele está? Nas nações oprimidas.
Não há muito o que discutir lá, já que são realidades materiais, fatos; fechar
os olhos é uma tolice.
Em conclusão, na celebração do proletariado internacional e
dos povos do mundo pelo 200º aniversário do nascimento do grande Friedrich
Engels, recordemos o que foi dito por este genial co-fundador da doutrina
científica do proletariado: que “somente a partir da posição do proletariado se
pode entender o mundo contemporâneo“. Mas compreendê-lo significa a necessidade
de transformá-lo com uma guerra revolucionária, com uma guerra popular, que só
pode ser conduzida por um Partido Comunista e por nada mais que um Partido
Comunista. Para conduzi-la, não para fazê-la, porque quem faz a guerra popular
são as massas. Como ensina o Presidente Gonzalo, aplicando a Guerra Popular,
isto nos leva a entender cada vez mais, vendo nossa própria história, como esta
massa, quando fica órfã do Partido, vagueia por aí tateando, lutando incessantemente,
mas derramando seu sangue porque nunca deixou de fazê-lo e o fará. As massas
são as massas. Mas sabemos que, sem um partido, toda essa luta das massas, do
povo e do glorioso proletariado internacional do qual fazemos parte, e do qual
o proletariado peruano também faz parte, sem o Partido Comunista, sem esse
eixo, sem esse fator que energiza, que conduz, que guia, nada será feito. Tudo
será desprezível, desmoronará tal como um castelo de cartas, porque se as
massas têm a força, nós temos a direção. É por isso que o Partido é o eixo de
tudo. Portanto, é necessário encarnar mais o Marxismo-Leninismo-Maoismo,
principalmente o Maoismo, para reconstituir os partidos comunistas e iniciar a
Guerra Popular, porque é evidente para nós que o Partido é a luz que rasga as
sombras. Enquanto isso, as massas são a força, a seiva que transforma e muda
tudo, gerando o amanhecer para sempre.
1 Partido Comunista do Peru, “Sobre o
Marxismo-Leninismo-Maoismo”, 1988.
2 Parafraseado do documento “Declaração do MPP sobre os 172
anos do Manifesto do Partido Comunista”, 2020.
3 Stalin, “Sobre os Fundamentos do Leninismo”, 1924.
4 Partido Comunista do Peru, “Sobre o
Marxismo-Leninismo-Maoismo”, 1988.
5 Ibid.
6 Ibid.
7 Ibid.
8 Ibid.
9 Ibid.
10 Ibid.
11 Ibid.
12 Stalin, “Sobre os Fundamentos do Leninismo”, 1924.
13 Chou En-lai: “Informe ao Décimo Congresso Nacional do
Partido Comunista da China”, entregue em 24 de Agosto e adotado em 28 de Agosto
de 1973.
14 Cf. “Revolutionary Worker”, Vol. 2, No. 34, January 2,
1981.
15 Mao Tsetung, “Problemas da guerra e estratégia”, 1938.
16 Partido Comunista do Peru, “Sobre o
Marxismo-Leninismo-Maoismo”, 1988.
17 cf. Reference in “Mao Tse-Tung’s Thought is the Telescope
and Microscope of Our Revolutionary Cause” pelo Editorial da Publicação Diária
do Exército de Libertação, 7 de Junho, 1966.
18 cf. AWTW 1986/7
19 Partido Comunista do Peru, “Sobre o
Marxismo-Leninismo-Maoismo”, 1988.
20 Ibid.
21 Mao Tsetung, “Fala na Cerimônia de Encerramento do
Décimo-primeiro plenário do Oitavo Comitê Central”, 12 de Agosto de 1966.
22 Partido Comunista do Peru, “Sobre o
Marxismo-Leninismo-Maoismo”, 1988.
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