22/06/2023
19 de junho: Viva o Dia da Heroicidade!
Honra e glória aos heróis e às heroínas de Frontón, Lurigancho e Callao!
“Os golpes contundentes, certeiros e implacáveis
da guerra popular e seu avanço indomável removeram as entranhas de hiena da
reação, repercutindo tudo como açoites incessantes e exigências
peremptórias nos turvos e agitados pesadelos do governo apristai,
hoje já fascista e corporativo, ainda mais nas desenfreadas ambições do
demagogo aprendiz de “führer” que o encabeça; assim, a reação, o governo e o
agora genocida García Pérez, sonharam sangrentos e negros planos de
um golpe devastador, decisivo que levaria ao esmagamento da guerra popular. A
rebelião dos prisioneiros de guerra é o desmascaramento e a condenação públicos
e ante todo o mundo destes sinistros planos de matança em massa, em defesa da
revolução e de suas próprias vidas; e o monstruoso e infame genocídio que, por
mandato governamental e com carta branca, perpetraram as forças armadas e
aparatos repressivos, com cego ódio ao povo e perversa fúria homicida, se
confrontou contra a indobrável, férrea resistência feroz dos camaradas,
combatentes e filhos das massas que desfraldaram ideologia, valor e heroicidade
desatadas audazmente em ignito desafio bélico; e sim, a besta reacionária bebeu
sangue até se fartar para impor a paz dos mortos, as vidas
miserável e sorrateiramente ceifadas transformaram-se em imperecedoras,
plasmam a trilogia monumental das luminosas trincheiras de combate do Frontón,
Lurigancho e Callao, marco histórico que proclamará mais e mais a grandeza do
Dia da Heroicidade.”
“Dar a vida pelo
Partido e pela Revolução”, Presidente Gonzalo, 1987 (tradução livre).
Em 19 de junho de 1986 no Peru,
prisioneiros e prisioneiras de guerra revolucionários levantaram justa rebelião
nos presídios de Lurigancho, Callao e na ilha El Frontón contra os planos de
genocídio do Estado burocrático-latifundiário peruano, gerenciado pelo fascista
Alán García Pérez. A férrea resistência feroz de mais de 300 comunistas,
combatentes e massas dirigidos pelo Partido Comunista do Peru conquistou enorme
vitória ideológica, moral, política e militar para a Revolução Peruana, o
proletariado e as massas populares e revelou ante toda opinião pública peruana
e internacional o caráter sanguinário da guerra contrarrevolucionária movida
pelo velho Estado peruano serviçal do imperialismo, principalmente ianque. Ao
custo do próprio sangue, os prisioneiros rebelados inscreveram para sempre na
história da Revolução Proletária Mundial o 19 de junho como Dia da
Heroicidade, firmado como Dia Internacional dos Prisioneiros
Políticos Revolucionários e Prisioneiros de Guerra por organizações
comunistas e revolucionárias.
A
gloriosa Guerra Popular no Peru
Em 17 de maio de 1980, inicia-se a
Guerra Popular no Peru sob a direção do PCP e chefatura do Presidente Gonzalo,
logo estabelecendo bases de apoio e conquistando o poder em vastas zonas
rurais, mobilizando, politizando, organizando e armando as massas populares,
principalmente o campesinato pobre. Até 1986, ano em que ocorre a rebelião dos
prisioneiros, o Exército Guerrilheiro Popular havia realizado mais de 30 mil
ações militares. Apavorada ante o pujante desenvolvimento da Guerra Popular e
das forças da Revolução, a reação peruana e seu velho Estado desataram a mais
desenfreada repressão com assassinatos e encarceramentos massivos, tudo sob a
coordenação direta da CIA (Agência Central de Inteligência) ianque.
Nos presídios a repressão sistemática
prosseguia através de torturas e da imposição de condições totalmente
degradantes, como servir aos encarcerados refeições contendo cacos de vidro e
pedaços de rato, visando aniquilar os revolucionários física, moral e
ideologicamente. Através de duras lutas, os prisioneiros revolucionários
conquistaram condições de existência minimamente humanas e impulsionaram sua
organização, prosseguindo na luta de classes e convertendo as masmorras do
inimigo em Luminosas Trincheiras de Combate. Em seus respectivos cárceres,
revolucionários homens e mulheres organizavam-se coletivamente para todas as
tarefas – cozinha, saúde, educação, formação política, artísticas e culturais –
servindo à Revolução e impondo duras derrotas aos inimigos.
Plano de genocídio e indobrável resistência
Em 1986 o recém “eleito” gerenciamento
de turno da APRA encabeçado por García Pérez pretendia assestar um golpe
demolidor à Guerra Popular no Peru. Como parte do plano contrainsurgente,
arquitetaram transferir presos de Lurigancho, El Frontón e Callao (este último
um cárcere feminino), para a “moderna” unidade prisional Canto Grande,
verdadeiro campo de concentração, matadouro e centro de tortura. Lá, o velho Estado
peruano planejava assassinar os prisioneiros de forma encoberta.
Mas ao contrário de se portarem como
mansos carneiros indo ao matadouro, aqueles revolucionários decidiram resistir
ao nefasto plano de genocídio, iniciando os respectivos preparativos muitos
meses antes nos três presídios: construíram facões, lanças com ponta de metal,
arcos-e-flechas, bestas para lançar pedras, coquetéis molotov e explosivos,
“coletes à prova de balas” feitos com bandejas do refeitório; protegeram
algumas paredes internas e janelas com concreto armado, construíram um
compartimento subterrâneo capaz de abrigar 150 pessoas; renderam alguns
carcereiros e expropriaram algumas armas de fogo.
O PCP e os prisioneiros sabiam que mesmo
com preparação antecipada, a resistência enfrentaria inúmeras dificuldades –
pelo próprio fator objetivo da situação de encarceramento – e a grande
desproporção com as forças inimigas e seus meios de guerra. Porém não era disso
que se tratava e sim de desmascarar ante o Peru e o mundo inteiro o caráter
reacionário e genocida do Estado burocrático-latifundiário peruano, seus
gerentes de turno e suas Forças Armadas, todos serviçais do imperialismo,
principalmente ianque. O inimigo poderia cometer as maiores barbaridades e
ceifar as vidas de centenas dos melhores filhos e filhas do povo peruano, como
de fato o fez, mas teve de fazê-lo à luz do dia, ao custo de enorme desgaste
político e colhendo fragorosa derrota.
Para o ataque genocida, foram
mobilizados enormes contingentes militares do Exército, da Marinha de Guerra,
da Aeronáutica e forças policiais, “com o assessoramento, apoio e
cumplicidade dos imperialistas ianques, dos social-imperialistas russos e
chineses, dos imperialistas alemães, franceses e espanhóis, dos sionistas de
Israel e com o apoio especial e extraordinário dos partidos social-democratas
dessa e cada vez mais apodrecida ‘Segunda Internacional’, encabeçada por Willi
Brandt, que estava realizando uma de suas conferências internacionais em Lima
nestes dias.” No outro polo, os prisioneiros alçados em rebelião
empunharam firmemente sua principal arma: a ideologia, o
marxismo-leninismo-maoismo; a decisão era resistir até que o último combatente
caísse. Aqueles que foram capturados com vida pelas tropas genocidas foram
sumariamente executados.
Ademais do aniquilamento físico de
militantes comunistas, combatentes do EGP e ativistas das massas, a reação
peruana tinha outro objetivo estratégico com sua campanha de matanças: fomentar
a covardia e a capitulação nas fileiras da Revolução. Nisso os inimigos da
Revolução Peruana também fracassaram miseravelmente pois a Guerra Popular
seguiu se desenvolvendo, atingindo o equilíbrio estratégico no início da década
de 1990. Mais uma vez se provava nos fatos que o sangue generosamente
derramado pelo povo não afoga a Revolução, ao contrário, rega-a.
O golpe mais duro que os reacionários
lograram sobre a Guerra Popular só ocorreria após a prisão da maior parte do
Comitê Central do PCP e do Presidente Gonzalo em setembro 1992 – a ação do
revisionismo com o surgimento de uma Linha Oportunista de Direita (LOD) –
Revisionista e Capitulacionista desde as prisões e encabeçada por alguns
ex-dirigentes do PCP que traíram a Revolução e o povo peruano e passaram a
defender os chamados “acordos de paz” para pôr fim à Guerra Popular. Isto
confirma o predicado pelo Presidente Mao de “preocupar-se sempre com o
revisionismo, porque esse é o perigo principal que tem a revolução no mundo.”
Apesar dos graves prejuízos causados
pela colaboração da LOD com os inimigos do povo, a reação peruana e o
imperialismo jamais conseguiram esmagar a Guerra Popular no Peru, tendo esta
prosseguido de forma ininterrupta por 43 anos até os dias de hoje.
O
imperecível exemplo do Presidente Gonzalo
Após sua detenção, o Presidente Gonzalo
foi trancafiado em uma cela subterrânea na Base Naval de Callao por 29 anos,
permanecendo em isolamento absoluto e incomunicável. O velho Estado peruano, a
CIA ianque e as ratazanas da LOD tentaram converter o Presidente Gonzalo num
vil capitulador e renegado do maoismo com sua patranha das supostas “cartas de
paz”, as quais o Presidente Gonzalo nunca reconheceu, e outros engodos do mesmo
gênero. O Presidente Gonzalo, na sua condição de chefatura do PCP e da
Revolução Peruana, na única ocasião em que lhe foi dada a possibilidade de
falar abertamente após sua prisão, proferiu magistral discurso exortando os
comunistas, combatentes e massas do Peru a prosseguirem a Guerra Popular, no
que ficou conhecido como “Discurso na jaula”, em 24 de setembro de 1992. Nesta
ocasião os carrascos tentaram humilhar publicamente o Presidente Gonzalo,
apresentando-o dentro de uma jaula e vestido com roupas de listras de
prisioneiro, no que uma vez mais fracassaram, diante do contundente discurso do
chefe comunista.
Devido à potência da Guerra Popular no
Peru, a reação peruana e o imperialismo não poderiam assassinar sua chefatura
subitamente, sendo assim executaram um plano de aniquilamento lento e gradual,
submetendo o Presidente Gonzalo às mais duras condições de encarceramento. Este
hediondo crime foi culminado em 11 de setembro de 2021 pelo velho Estado
peruano e o imperialismo ianque, sob o mandato do então gerente de turno
oportunista Pedro Castillo Terrones e seu governo reacionário e com o concurso
da LOD. Como o mais importante prisioneiro de guerra do mundo, o Presidente
Gonzalo converteu sua minúscula cela na mais alta Luminosa Trincheira de
Combate e a heroica entrega de sua própria vida fez fracassar definitivamente
todos os planos reacionários de destruir sua chefatura e o pensamento gonzalo.
Os brilhantes exemplos de entrega e
heroicidade do Presidente Gonzalo e dos prisioneiros rebelados de Frontón,
Lurigancho e Callao seguirão inspirando os revolucionários durante séculos e
são mais alta prova de que:
A rebelião se justifica!
Os imperialistas e todos os reacionários
são tigres de papel!
As massas são todo-poderosas!
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Notas:
1. Referente
a APRA: Aliança Popular Revolucionária Americana, partido
político populista e oportunista fundado em 1924 no Peru. A farsa eleitoral
peruana para a presidência da república em 1985 deu vitória ao candidato
aprista Alán García Pérez, que no ano seguinte, já como gerente de turno,
ordenaria o covarde ataque e assassinato de centenas de prisioneiros de guerra
revolucionários.
2. “Dia da
Heroicidade: como foi a resistência” (Rosana Bond, AND, 2012)
3. “Viva o Dia
da Heroicidade!” (jornal Internacional Comunista, junho 2022)
4. Presidente Gonzalo,
em entrevista ao jornal El Diário, conhecida como Entrevista do
século, 1988.