Wednesday, May 27, 2020

A NOVA DEMOCRACIA BRASIL: Partidos maoistas lançam declaração conjunta no 1° de maio de 2020

GIOVANNA SCHAIDHAUER E MARCELO FERNANDES
  26 MAIO 2020

Partidos Comunistas maoistas de todo o mundo lançaram uma declaração conjunta na ocasião do Dia Internacional do Proletariado (1° de maio), no documento chamado Abandonar as Ilusões e lançar-se à luta! A tradução em português completa do documento foi publicada no dia 15 de maio pelo blog Servir ao Povo.

Os comunistas iniciam a declaração afirmando que “nós já sabíamos, sentíamos de corpo e alma que esse velho mundo não é nada mais que o inferno para o proletariado internacional e os povos do mundo. Nós já sabíamos o que esses últimos meses têm mostrado. Até mesmo o sonhador mais imbecil que fecha os olhos para não ver a verdade assistiu todas as ilusões do sistema imperialista mundial ruírem, desaparecerem como fumaça.”

E seguem, dizendo que “a ‘crise do corona’ (nomeada incorretamente), que atinge principalmente os mais pobres e vulneráveis, é resultado de décadas de abandono sistemático e progressivo dos sistemas de saúde público de massas, dos sistemas de prevenção e preparação em casos de catástrofes de parte dos Estados imperialistas e dos velhos Estados, enquanto aplicavam a austeridade com objetivo de se concentrarem em seus ganhos e lucros”.

É por isso, dizem os comunistas, que “os hospitais não têm capacidade para tratar os pacientes durante as epidemias e emergências, porque faltam profissionais da saúde, instrumentos e medicamentos; porque há falta de interesse e atraso em pesquisa e desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos para combater as epidemias; porque os sistemas de alerta precoce não funcionaram e porquê, quando a Covid-19 já estava assolando a China em novembro de 2019, tampouco na própria China – como no Estados Unidos, Espanha, Itália, ou qualquer outro país – medidas imediatas não foram tomadas de forma a ‘não prejudicar a economia’”.

Diante disso, a “crise do corona” seria uma crise anunciada dentro da crise geral do imperialismo sendo, sobretudo, a catalisadora e a primeira etapa de uma nova crise econômica mundial – uma crise capitalista de superprodução, que já fora anunciada pelos economistas do capital financeiro.

Junto dela, os partidos ressaltam que se torna evidente a destruição das forças produtivas de um modo jamais visto desde a Segunda Guerra Mundial, na qual – no meio de uma avalanche de medidas antipovo tomadas pelos governos reacionários, “legitimando-as” como imprescindíveis ao combate à pandemia – como resultado da manipulação política dos imperialistas, reacionários e revisionistas, a propagação da epidemia da Covid-19 foi permitida de modo a torná-la uma pandemia, gerando o que é nada menos do que um crime de genocídio contra os povos do mundo (negrito nosso).

Na segunda parte do texto, os maoistas explicam que quando a epidemia começou em Wuhan, China, a preocupação dos imperialistas era principalmente a interrupção das “cadeias de fornecimento” e no momento em que estava nítido que a epidemia se tornaria uma pandemia, em janeiro deste ano, a preocupação dos imperialistas era de que as empresas aeronáuticas e turísticas teriam uma queda nos seus lucros e, por isso, não impediram que o vírus se espalhasse pelo mundo, sendo que depois disso, era necessário proteger os grandes monopólios de “franquia” e atacado, deixando o comércio aberto.

Os poucos fatos mencionados demonstram que o que havia condicionado o tratamento da pandemia por parte dos Estados imperialistas foi, sobretudo, o interesse no lucro, típico da burguesia imperialista de cada nação opressora, guiados por seus interesses políticos e militares na disputa interimperialista e, especialmente, em manter a superexploração dos povos dominados. “Agora eles nos convidam a morrer como cordeiros em sacrifício ao deus capital”, cravam os revolucionários proletários.

Os partidos deixam claro que, como sempre nesse sistema putrefato, serão os de baixo, os proletários, principalmente, os informais e as massas populares e em especial os camponeses que pagarão por essa barbárie.

Os comunistas cravam que o aprofundar da crise do sistema imperialista, um sinal de seu colapso final, levará a um imenso crescimento dos protestos populares por todo o mundo, com a revolução expressando cada vez mais o seu caráter como principal tendência histórica e política.

Assim, os comunistas dizem ter excelentes condições para “propagandear a política às massas”, avançando na construção dos três instrumentos fundamentais da revolução – dando foco principal ao Partido Comunista “seja no seu processo de reconstituição, constituição ou se já reconstituído” e a construção da Frente Única, seja esta formada para servir revoluções democráticas ou socialistas, como instrumento para “conquistar e defender o poder para o proletariado” mediante a Guerra Popular, que deve ser moldado de acordo com o desenvolvimento da revolução em cada país.

Também, os comunistas denunciam que as medidas políticas de “unidade nacional” sob pretexto de “combater o coronavírus” são para reprimir a luta popular revolucionária, ao qual os comunistas devem desmascarar tais medidas corporativistas, assim como todas as ilusões nos velhos Estados.

Os comunistas definem que devem concentrar a agitação e a propaganda na apresentação “de que a única saída desse círculo de ferro é a revolução”, guiada pelo seu Partido Comunista. Também, em desenvolver a luta por reivindicações a serviço da luta pelo poder para o proletariado e o povo, dando incentivo a paralisações e greves.

Tratando-se do coronavírus, explicam que não podem abandonar as massas sob ameaças de chantagem e multa, nem sob migalha oferecidas “como se fossem eles bons samaritanos”, mas sim conduzir a defesa da saúde do povo, guiados por uma linha de classe, com organismos políticos para lutar pelas necessidades básicas de proteção contra contaminação e para garantir alimentos e itens de higiene pessoal, “exigindo que as organizações do povo estejam à frente da administração e distribuição, para esmagar o uso manipulador e contrarrevolucionário que está sendo forçado pelo velho Estado através de suas próprias ordens internas e leis da guerra”.

A declaração, então, resumindo a situação mundial, crava que “a explosividade das massas é intensificada e irá desabrochar de forma ainda mais poderosa”, situação em que os comunistas devem utilizar tais levantes de acordo com os interesses do proletariado e do povo, “a serviço do início e desenvolvimento da Guerra Popular”.

Os comunistas “devem apresentar uma única solução, uma resposta conjunta do proletariado internacional”, apoiando o internacionalismo proletário, lutando pela união do Movimento Comunista Internacional (MCI), o qual afirmam estar avançando rumo à realização da Conferência Internacional Maoista Unificada, conferência que trará o nascimento da nova organização internacional do proletariado, lutando contra o revisionismo, a serviço da revolução proletária mundial.

Encerrando a declaração, decretam que agora devem transformar “a luta espontânea em luta consciente sob a direção do proletariado”. E completam: “Agora não é o momento de nos lamentarmos pelos nossos fracassos e limitações, mas, no meio da luta, devemos estar à altura das necessidades do momento. Foi para isso que nos preparamos, agora não há outra opção senão nos lançarmos à luta. Aqueles que, nesse momento, duvidam ou hesitam, perdem a confiança das massas. Esse 1° de Maio será uma grande manifestação do vigor do comunismo, nossas brilhantes bandeiras vermelhas com a foice e o martelo são o símbolo de esperança, do futuro luminoso do comunismo, que proclama com seu tremular, a guerra contra o mundo da opressão e exploração da velha ordem”. Eles também celebraram os 130 anos da primeira manifestação do 1º de Maio.

A nota incluiu a assinatura de 17 Partidos e organizações: Partido Comunista do Brasil (Fração Vermelha); Partido Comunista do Equador - Sol Vermelho; Movimento Popular Peru; Fração Vermelha do Partido Comunista do Chile; Republicanos Socialistas Irlandeses; Comitê para a Fundação do Partido Comunista (Maoista) da Áustria; Servir ao Povo - Liga Comunista da Noruega; Núcleo Revolucionário para a Reconstituição do Partido Comunista do México; Comitê Bandeira Vermelha; Partido Comunista Maoista da França; Comitê para a Construção do Partido Comunista Maoista da Galícia; Comitê para a Reconstituição do Partido Comunista da Grã-Bretanha; Coletivo Bandeira Vermelha (Finlândia); Comitê para a Reconstituição do Partido Comunista do Estados Unidos; Onda Vermelha, Dinamarca; Núcleo Comunista do Nepal; Partido Comunista da Colômbia (Fração Vermelha).