PCP: guia para estudo do
documento: Sobre a Prática(*)
Sobre a Relação entre o Conhecimento e a Prática — A Relação entre Conhecer e Agir
Sobre a Relação entre o Conhecimento e a Prática — A Relação entre Conhecer e Agir
(no impresso original os trechos em quadros
estao marcados com linhas laterais e a traducao portuguesa merece um
comentario, compareando com a versao em espanhol muitos termos e expressoes
estao diferentes)
Mao Tsetung
Julho de 1937
Tradução: A presente tradução está conforme à nova edição
das Obras Escolhidas de Mao Tsetung, Tomo I (Edições do Povo, Pequim, Julho de
1952). Nas notas introduziram-se alterações, para atender as necessidades de
edição em línguas estrangeiras.
Fonte: Obras Escolhidas de Mao Tsetung, Pequim, 1975, Tomo I, pág: 499-524
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
Fonte: Obras Escolhidas de Mao Tsetung, Pequim, 1975, Tomo I, pág: 499-524
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
O materialismo pré-marxista considerava os problemas do conhecimento sem
ter em conta a natureza social dos homens nem o desenvolvimento histórico da
humanidade e, por essa razão, era incapaz de compreender que o conhecimento
depende da prática social, quer dizer, depende da produção e da luta de
classes.
Os marxistas pensam, acima de tudo, que a actividade dos homens na produção
constitui justamente a base da sua actividade prática, o determinante de todas
as outras actividades. O conhecimento do homem depende essencialmente da sua
actividade de produção material, durante a qual vai compreendendo
progressivamente os fenómenos da Natureza, as suas propriedades, as suas leis,
assim como as relações entre ele próprio, homem, e a Natureza; ao mesmo tempo,
pela sua actividade de produção, ele aprende a conhecer em graus diversos, e
também duma maneira progressiva, certas relações que existem entre os próprios
homens. Todos esses conhecimentos não podem ser adquiridos fora da
actividade de produção. Na sociedade sem classes, todo o indivíduo isolado,
enquanto membro dessa sociedade, colabora com os demais, entra em determinadas
relações de produção com estes e entrega-se a uma actividade de produção
orientada para a solução dos problemas relativos à vida material dos homens. Nas
diferentes sociedades de classes, os membros dessas sociedades, que pertencem
às diferentes classes e que, sob formas diversas, entram em determinadas
relações de produção, também se entregam a uma actividade de produção orientada
para a solução dos problemas relativos à vida material dos homens. Aí está a
fonte principal do desenvolvimento do conhecimento humano. [1] (Kommentar 1:Pratica
social)
A prática social dos homens não se limita à
actividade de produção. Ela apresenta ainda muitas outras formas: luta de
classes, vida política, actividade desenvolvida no domínio da ciência e da
arte; erri resumo, o homem social participa em todos os domínios da vida
prática da sociedade. É por essa razão que o
homem, na sua actividade cognitiva, apreende em graus diversos as relações
distintas que existem entre os homens, não somente na vida material, mas
igualmente na vida política e cultural (que está estreitamente ligada à vida
material). Entre essas relações, as diversas formas de luta de classes exercem
uma influência particularmente profunda sobre o desenvolvimento do conhecimento
humano. Numa sociedade de classes, cada indivíduo existe como membro duma
classe determinada, e cada forma de pensamento está invariavelmente marcada com
o selo duma classe.
Os marxistas pensam que a actividade de produção da sociedade humana
desenvolve-se passo a passo, dos graus inferiores aos superiores; por essa
razão, o conhecimento dos homens, quer no que respeita à Natureza quer sobre a
sociedade, desenvolve-se também passo a passo, dos graus inferiores aos
superiores, isto é, do simples ao complexo, do unilateral ao multilateral.
Durante um período histórico muito longo, os homens não puderam compreender a
história da sociedade a não ser duma maneira unilateral; isso foi assim porque,
por um lado, os preconceitos das classes exploradoras deformavam constantemente
a história da sociedade e, por outro lado, porque a escala reduzida da produção
limitava o horizonte dos homens. Somente quando com a formação de forças
produtivas gigantescas — a grande indústria — surgiu o proletariado moderno, é
que os homens puderam chegar a uma compreensão completa e histórica do
desenvolvimento histórico da sociedade, e transformar os seus conhecimentos
sobre a sociedade numa ciência, a ciência do Marxismo.
Os marxistas pensam que só a prática social dos
homens pode constituir o critério da verdade dos conhecimentos que o homem
possui sobre o mundo exterior. Com efeito, só chegando, na
prática social (no processo da produção material, da luta de classes, da experimentação
científica), aos resultados esperados é que os homens recebem a confirmação da
verdade dos seus conhecimentos. Se se pretende obter êxito no trabalho, isto
é, atingir os resultados previstos, é necessário proceder de maneira que as
ideias correspondam às leis do mundo exterior objectivo; sem essa
correspondência, fracassa-se na prática. Depois de se ter fracassado, há
que tirar daí a respectiva lição e modificar as ideias de maneira a fazê-las
concordar com as leis do mundo objectivo, podendo-se desse modo chegar a
converter o fracasso num triunfo. É o que se quer dizer com: "A derrota é
a mãe da vitória" e "Cada revés torna-nos mais experimentados".
A teoria materialista-dialéctica do conhecimento põe a prática em primeiro lugar,
sustentando que o conhecimento humano não pode estar, em nenhum grau, desligado
da prática, e rejeitando todas as teorias erradas que negam a importância da
prática e desligam o conhecimento da prática. Lenine dizia:
"A prática é superior ao conhecimento
(teórico), pois ela tem não somente a dignidade do geral,
mas também a do real imediato."(1)
O materialismo dialéctico da
filosofia marxista tem duas particularidades mais evidentes. Uma é o seu carácter de classe: afirma abertamente que o materialismo
dialéctico serve o proletariado; a outra é o seu carácter prático: sublinha o
facto de a teoria depender da prática, de a teoria basear-se na prática e,
por sua vez, servir a prática. A verdade dum conhecimento ou duma teoria é
determinada não por uma apreciação subjectiva, mas sim pelos resultados da
prática social objectiva. O critério da verdade não pode ser outro senão a
prática social. O ponto de vista da prática é o ponto de vista primordial,
fundamental, da teoria materialista-dialéctica do conhecimento(2).
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Mas de que maneira o conhecimento humano nasce da prática e como serve, a
seu turno, essa mesma prática? Para compreender isso basta examinar o processo
de desenvolvimento do conhecimento.
Com efeito, no processo da sua actividade
prática, os homens não vêem, ao começo, senão o aspecto exterior dos diferentes
fenómenos encontrados ao longo desse processo; eles vêem aspectos isolados dos
fenómenos, a ligação externa dos fenómenos isolados.[2] (Kommentar 2: Processo do
conhecimento)
É assim que, por exemplo, as pessoas vindas do exterior para investigar em
Ien-an viram, no primeiro ou segundo dia, a configuração, as ruas e as casas da
região; entraram em contacto com muita gente, assistiram a recepções, saraus,
reuniões, ouviram distintas intervenções, leram diversos documentos; tudo isso
são os aspectos exteriores dos fenómenos, aspectos isolados desses fenómenos, a
sua ligação externa. Esse grau do processo do conhecimento chama-se grau da
percepção sensível, isto é, o grau das sensações e das representações.
Esses diferentes fenómenos, encontrados em Ien-an, actuando sobre os órgãos dos
sentidos dos senhores dos grupos de investigação, suscitaram neles sensações
determinadas; na sua consciência surgiu toda uma série de representações e
estabeleceu-se um laço aproximativo, exterior, entre essas representações: tal
é o primeiro grau do conhecimento. Nesse grau, os homens ainda não podem
elaborar conceitos profundos nem proceder a conclusões lógicas.
A continuação da prática social implica a
múltipla repetição de fenómenos que suscitam sensações e representações no
homem. É então que se produz na consciência humana uma mutação, súbita (um
salto) no processo do conhecimento: o aparecimento dos conceitos. O conceito já
não reflecte mais os aspectos exteriores dos fenómenos, os seus aspectos
isolados, a sua ligação externa; ele capta a essência dos fenómenos, os
fenómenos no seu conjunto, a ligação interna dos fenómenos. Entre o conceito e a sensação, a diferença não é somente quantitativa,
ela é também qualitativa. O desenvolvimento que intervém ulteriormente nessa
direcção, o emprego dos métodos de juízo, de dedução, podem desembocar em
conclusões lógicas. Quando, no Romance dos Três Reinos, se diz
"Basta um franzir de sobrolho para que um estratagema venha à mente",
ou ainda quando nós dizemos, correntemente, "Deixe-me reflectir",
isso significa que o homem opera intelectualmente usando conceitos, a fim de
fazer juízos e proceder a deduções. Esse é o segundo grau do conhecimento.
Os senhores dos grupos de investigação que vêm até nós, depois de reunirem um
material variado e "reflectirem" sobre ele, podem fazer o juízo
seguinte: "A política de Frente Única Nacional Anti-japonesa, aplicada
pelo Partido Comunista, aparece consequente, sincera e honesta". E se, com
a mesma honestidade, eles são partidários da unidade a fim de assegurar a
salvação da Pátria, após um tal juízo poderão ir ainda mais longe e extrair a
conclusão seguinte: "A Frente Única Nacional Anti-japonesa pode ter
êxito". No processo geral do conhecimento de qualquer fenómeno pelos
homens, esse grau dos conceitos, dos juízos e das deduções aparece como um grau
ainda mais importante, o grau do conhecimento racional. A verdadeira
tarefa do conhecimento consiste em elevar-se da sensação ao pensamento, em
elevar-se até à elucidação progressiva das contradições internas nos fenómenos
que existem objectivamente, até à elucidação das suas leis, da ligação interna
dos diferentes processos, isto é, consiste em atingir o conhecimento lógico.
Nós repetimos: o
conhecimento lógico difere do conhecimento sensível na medida em que o
conhecimento sensível abraça aspectos isolados dos fenómenos, os seus
aspectos exteriores, a ligação externa dos fenómenos, enquanto que o
conhecimento lógico, fazendo um enorme passo em frente, abarca os fenómenos
por inteiro, a sua essência e a ligação interna dos fenómenos, eleva-se até
ao ponto de evidenciar as contradições internas do mundo objectivo e, por
isso mesmo, pode chegar a dominar o desenvolvimento desse mundo na sua
integridade, com as suas ligações gerais internas.
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Uma tal teoria materialista-dialéctica do processo de desenvolvimento do
conhecimento, fundada na prática, indo do superficial ao profundo, era
desconhecida antes do Marxismo. Foi o materialismo marxista que, pela primeira
vez, resolveu correctamente esse problema, pôs em evidência, duma maneira
materialista e dialéctica, o movimento do conhecimento segundo a linha do seu
aprofundar contínuo, o movimento progressivo do conhecimento dos homens, como
seres sociais, na prática complexa e constantemente repetida da produção e da
luta de classes; o movimento do conhecimento sensível ao conhecimento lógico. Lenine dizia:
"As abstracções de matéria e de lei natural, a abstracção
de valor, etc, numa palavra, todas as abstracções científicas
(justas, sérias, não arbitrárias) reflectem a Natureza mais profundamente, mais
fielmente, mais completamente!"(3)
O Marxismo-Leninismo considera que os traços
distintivos dos dois graus do processo do conhecimento consistem no facto de o
conhecimento intervir, no grau inferior, enquanto conhecimento sensível, ao
passo que intervém, no grau superior, como conhecimento lógico. Todavia, esses dois graus constituem os graus dum processo único do
conhecimento. O conhecimento sensível e o conhecimento racional diferem
pelo seu carácter, mas não estão separados um do outro, estão unidos na base
prática. A nossa prática testemunha que os fenómenos de que temos uma
percepção sensível, não podem ser imediatamente compreendidos por nós, e só os
fenómenos compreendidos podem ser sentidos duma maneira mais profunda. A
sensação não pode resolver mais do que o problema dos aspectos exteriores dos
fenómenos; o problema da essência não pode ser resolvido senão pelo pensamento
teórico. A solução
desses problemas não pode separar-se em grau nenhum da prática. Todo aquele que quiser conhecer um
fenómeno não poderá conseguí-lo sem pôr-se em contacto com esse fenómeno, isto
é, sem viver (entregar-se à prática) no seu próprio seio. Era impossível conhecer de antemão as leis da sociedade capitalista
enquanto se estava vivendo a sociedade feudal, dado que o capitalismo ainda não
tinha surgido e faltava a prática correspondente. O Marxismo só podia ser
produzido pela sociedade capitalista. Na época do capitalismo liberal, Marx não podia conhecer concretamente,
de antemão, certas leis próprias da época do imperialismo, dado que o
imperialismo, estado supremo do capitalismo, ainda não tinha feito a sua
aparição, e faltava a prática correspondente; só Lenine e Estaline puderam assumir essa tarefa. Marx, Engels, Lenine e Estaline puderam criar a sua teoria não só
em razão do seu génio mas, sobretudo, porque tomaram pessoalmente parte na
prática, correspondente a essa época, da luta de classes e das experiências
científicas; sem essa última condição, nenhum génio teria podido chegar ao
sucesso. A
expressão "O bacharel, sem atravessar o umbral da sua porta, pode conhecer
tudo o que se passa na terra" era uma frase vazia dos tempos antigos em
que a técnica não estava ainda desenvolvida, e se na nossa época de técnica
desenvolvida isso aparece realizável, apenas os indivíduos ligados à prática do
"que se passa na terra" podem possuir conhecimentos autênticos,
adquiridos graças à sua experiência pessoal; esses indivíduos, na sua prática,
adquirem "conhecimentos" que, graças à escrita e à técnica, podem ser
transmitidos ao bacharel, dando-lhe a possibilidade de conhecer,
indirectamente, "tudo o que se passa na terra". Para conhecer
directamente um fenómeno ou fenómenos, é indispensável participar em pessoa na
luta prática que visa modificar a realidade, esse fenómeno ou esses fenómenos,
pois só participando pessoalmente em tal luta prática se torna possível entrar
em contacto com o aspecto exterior do fenómeno ou fenómenos, só assim é
possível descobrir a essência do fenómeno ou fenómenos, e compreendê-los. Tal é
o processo de conhecimento que os homens seguem na realidade; só que alguns
deformam deliberadamente os factos e pretendem o contrário. Os mais ridículos são os chamados "sabe-tudo", que, cheios de
conhecimentos ocasionais, fragmentários, consideram-se "autoridades número
um do mundo", o que comprova justamente a sua fatuidade desmesurada.
O conhecimento é uma questão
de ciência, não admite a menor desonestidade ou presunção. O que se requer é
precisamente o contrário — honestidade e modéstia. Se se deseja adquirir conhecimentos, há que tomar parte na prática que
transforma a realidade. Se se quer conhecer o gosto duma pêra há que
transformá-la, prová-la. Se se quer conhecer a estrutura e as propriedades do
átomo, há que entregar-se a experiências físicas e químicas, modificar o
estado do átomo. Se se quer conhecer a teoria e os métodos da revolução, há
que participar na revolução. Todos os conhecimentos autênticos resultam da
experiência directa. Mas o homem não pode ter uma experiência directa de
tudo, razão por que a maior parte dos nossos conhecimentos é, na realidade, o
produto duma experiência indirecta, são conhecimentos que nos vêm de todos os
séculos passados, ou conhecimentos que foram adquiridos por homens doutros
países. Esses conhecimentos são o produto da experiência directa dos nossos
antepassados, ou da experiência directa de estrangeiros. Se, durante a
experiência directa dos nossos antepassados e estrangeiros, esses
conhecimentos respondiam à condição de que falava Lenine, quer dizer, se eram o
resultado duma "abstracção científica", se eram o reflexo
científico de fenómenos com existência objectiva, tais conhecimentos são
seguros; no caso contrário, não o são. É por isso que os conhecimentos do
homem se compõem de duas partes: os dados da experiência directa e os dados
da experiência indirecta. Contudo, o que para mim é experiência indirecta,
permanece para os outros experiência directa. Segue-se daí que, falando dos
conhecimentos no seu conjunto, pode dizer-se que nenhum conhecimento pode ser
desligado da experiência directa. A fonte de todo o
conhecimento são as sensações recebidas do mundo exterior objectivo, pelos
órgãos dos sentidos do homem. Os que negam a sensação, a experiência directa,
a participação pessoal na prática que modifica a realidade, não são
materialistas. Essa a razão por que os "sabe-tudo" são tão
ridículos. Os chineses têm um velho provérbio que diz: "Se não se
penetra no covil do tigre não se lhe podem apanhar as crias." Esse
provérbio é verdadeiro para a prática humana e, na mesma medida, para a
teoria do conhecimento. O conhecimento desligado da prática é inconcebível.
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Para pôr em evidência o movimento materialista dialéctico do conhecimento,
que surgiu na base da prática modificadora da realidade — movimento do
conhecimento segundo a linha do aprofundar progressivo — vamos dar ainda alguns
exemplos concretos.
No período inicial da sua prática, período da destruição das máquinas e da
luta espontânea, o proletariado, no seu conhecimento da sociedade capitalista,
apenas se encontrava no grau do conhecimento sensível e não conhecia mais do
que os aspectos isolados e a ligação externa dos diferentes fenómenos do
capitalismo. Nessa época, o proletariado ainda não era mais do que aquilo a que
se chama uma "classe em si". Assim que começou, porém, o segundo
período da prática do proletariado, período da luta económica e política
consciente e organizada, quando a experiência múltipla resultante da prática, a
experiência adquirida ao longo duma luta prolongada, foi generalizada
cientificamente por Marx e Engels, e nasceu a teoria marxista
utilizada para esclarecer o proletariado, teoria que ensina o proletariado a
compreender a essência da sociedade capitalista, a compreender as relações de
exploração entre as classes sociais, a compreender as tarefas históricas do
proletariado, este tornou-se numa "classe para si".
Esse foi o caminho que seguiu o povo chinês no seu conhecimento do
imperialismo. O primeiro grau foi o do conhecimento sensível, superficial, o da
luta indiscriminada contra os estrangeiros, a época do Movimento do Reino
Celestial dos Taipins, do Movimento de Ihotuan e outros. Só o segundo grau é
que foi o do conhecimento racional, quando o povo chinês divisou as diferentes
contradições internas e externas do imperialismo, quando viu a essência da
opressão e da exploração das grandes massas populares da China pelo
imperialismo aliado à burguesia compradora chinesa e à classe feudal chinesa,
conhecimento racional que começou com o período do Movimento de 4 de Maio de
1919.
Vejamos agora a guerra. Se a
guerra fosse dirigida por pessoas sem experiência militar, no começo, elas
não poderiam compreender as leis profundas que regem o desenrolar duma dada guerra
concreta (por exemplo, o desenrolar da nossa Guerra Revolucionária Agrária
dos últimos dez anos). No início, elas não poderiam adquirir senão a
experiência da participação pessoal em numerosas batalhas, das quais um
número importante se terminaria em derrotas. Contudo, essa experiência (a
experiência das vitórias e, sobretudo, a das derrotas) dar-lhes-ia a
possibilidade de compreender os elementos de ordem interna que marcam toda a
guerra no seu conjunto, quer dizer, as leis dessa guerra concreta, de
compreender a estratégia e a táctica e, em consequência, dar-lhes-ia a
possibilidade de dirigir a guerra com segurança. Se se confiasse nesse
momento a direcção da guerra a um homem desprovido de experiência, ele não
poderia compreender as leis reais da guerra senão depois de ter sofrido uma
série de derrotas (isto é, depois de ter adquirido experiência).
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Com frequência, ouvem-se certos camaradas, que não se decidem a ocupar-se
de tal ou tal trabalho, declarar que não estão certos de poder desempenhar-se
da tarefa. Por que é que pensam assim? Porque não têm uma ideia sistemática do
conteúdo e das condições desse trabalho, nunca tiveram ocasião de realizar um
trabalho semelhante ou só raramente o fizeram. Eis porque, com relação a eles,
nem sequer se pode falar de conhecimento das respectivas leis. Só depois de se
ter analisado em detalhe, na sua presença, o estado e as condições desse
trabalho, é que começam a experimentar mais confiança em si próprios e aceitam
a responsabilidade da respectiva realização. Se essas pessoas se consagram
durante um certo tempo a essa tarefa, adquirem experiência e, se tentarem
honestamente ir ao fundo da situação concreta, em vez de considerar as coisas
duma maneira subjectiva, unilateral e superficial, tiram por si sós as
conclusões relativas à maneira como convém efectuá-la, e metem-se com maior
segurança ao trabalho. Só as pessoas que têm uma visão subjectivista,
unilateral e superficial dos problemas, se lançam presunçosamente a dar ordens
e instruções assim que chegam a um novo lugar, sem se informarem primeiro sobre
as circunstâncias, sem procurarem ver as coisas no seu conjunto (a sua história
e o seu estado actual considerado como um todo) nem apreender-lhes a essência
(a sua natureza e a sua ligação interna com as outras coisas). É inevitável que tal gente tropece e
caia.
Em consequência, o primeiro
passo no processo do conhecimento é o primeiro contacto com os fenómenos do
mundo exterior: o grau das sensações. O segundo é a síntese dos dados
fornecidos pelas sensações, a sua ordenação e elaboração: o grau dos
conceitos, dos juízos e das deduções. É somente em presença dum grande número
de dados fornecidos pelas sensações (não dados fragmentários, incompletos), e
só no caso de elas corresponderem à realidade (quer dizer no caso de não
serem o resultado dum erro dos sentidos), que se torna possível, na base
desses dados, elaborar conceitos correctos e formular uma teoria correcta.
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Há aqui dois elementos importantes que convém
especialmente destacar. Já se falou no primeiro, mas é necessário voltar a
falar uma vez mais: é o problema da dependência em que se encontra o
conhecimento racional, com relação ao conhecimento sensível. Os que consideram que o conhecimento racional pode deixar de vir do
conhecimento sensível são idealistas. Na história da filosofia houve uma
escola, chamada "racionalista", que só reconhecia a realidade da
razão, negava a realidade da experiência, afirmava que não se podia fazer
confiança a não ser na razão e nunca na experiência fornecida pela percepção
sensível; o erro dessa tendência consiste na inversão que faz dos factos. Se é
possível apoiarmo-nos nos dados do conhecimento racional, é justamente porque
estes se originam nos dados da percepção sensível; de contrário, tais dados do
conhecimento racional tornar-se-iam num rio sem nascente, uma árvore sem
raízes, seriam algo em que nada poderia apoiar-se, algo que nascesse de maneira
exclusivamente subjectiva. Do ponto de vista da ordem do processo do
conhecimento, a experiência sensível é o primeiro dado, e nós sublinhamos a
importância da prática social no processo do conhecimento porque o conhecimento
humano só pode surgir baseado na prática social do homem, assim como somente
baseado nessa prática é que o homem pode adquirir a experiência sensível
proveniente do mundo objectivo exterior. Se o homem fechasse os olhos,
tapasse as orelhas e se desligasse em absoluto do mundo exterior, não se
poderia sequer, com relação a ele, falar de conhecimento. O conhecimento começa
com a experiência, e nisso reside o materialismo da teoria do conhecimento.
O segundo elemento é a necessidade de aprofundar o conhecimento, a necessidade de passar do grau do conhecimento sensível ao grau do conhecimento racional: nisso está a dialéctica da teoria do conhecimento(4). Pensar que o conhecimento pode deter-se no grau inferior, no grau do conhecimento sensível, pensar que podemos apoiar-nos simplesmente sobre o conhecimento sensível e não sobre o conhecimento racional, significa repetir o erro, assinalado pela História, dos "empíricos". O erro dessa teoria consiste na incompreensão do facto de que, embora os dados da percepção sensível sejam, sem dúvida alguma, o reflexo de certas realidades do mundo exterior objectivo (eu não abordarei aqui o empirismo idealista que limita a experiência ao que se chama introspecção), eles são unilaterais, superficiais, sendo aquele reflexo um reflexo incompleto, que não reflecte a essência dos fenómenos.
Para reflectir plenamente um fenómeno na
sua totalidade, para reflectir a sua essência e as suas leis internas, é
preciso criar um sistema de conceitos e teorias, depois de se terem submetido
os múltiplos dados da percepção sensível a uma elaboração mental que consiste
em rejeitar a casca para guardar o grão, em eliminar o que é falso para
conservar o verdadeiro, em passar dum aspecto dos fenómenos a outro, do externo
ao interno; é preciso saltar do conhecimento sensível ao conhecimento
racional. Essa elaboração não torna os nossos conhecimentos menos
ricos, menos seguros. Pelo contrário, tudo o que, após ter surgido no
processo do conhecimento na base da prática, foi submetido a uma elaboração
científica, reflecte como dizia Lenine o mundo objectivo duma
maneira mais profunda, mais justa, mais completa.
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(Kommentar 4: Primeiro salto)
[4] É justamente isso que não compreendem os "práticos" vulgares.
Eles inclinam-se diante da experiência e desprezam a teoria, em consequência do
que não podein abarcar o processo objectivo no seu conjunto, sofrem de falta de
clareza de orientação, de perspectiva larga, e embriagam-se com os seus
sucessos ocasionais e as suas vistas curtas. Se esses indivíduos dirigissem a
revolução, conduzi-la-iam a um beco sem saída.
O conhecimento racional depende do conhecimento
sensível e este deve desenvolver-se em conhecimento racional. Assim é a teoria
materialista-dialéctica do conhecimento. O
"racionalismo" e o "empirismo", em filosofia, não
compreendem o carácter histórico ou dialéctico do conhecimento; embora cada uma
dessas tendências ofereça um aspecto da verdade (trata-se do racionalismo e do
empirismo materialistas, não idealistas), ambas se afiguram erradas, quando
consideradas do ponto de vista da teoria do conhecimento no seu conjunto. O
movimento materialista dialéctico do conhecimento do sensível ao racional
intervém tanto no processo do conhecimento do pequeno (por exemplo, o
conhecimento dum objecto, dum trabalho qualquer) como no processo do
conhecimento do grande (por exemplo, o conhecimento de tal ou tal
sociedade, de tal ou tal revolução).
Todavia, o movimento do conhecimento não se
termina aí. Se o movimento materialista dialéctico do
conhecimento se detivesse no conhecimento racional, só metade do problema
ficaria esgotado; e o que é mais, do ponto de vista da filosofia marxista, essa
não seria a metade mais importante. A filosofia marxista sustenta que a
questão mais importante não é compreender as leis do mundo objectivo e poder,
por isso, explicá-lo, mas sim utilizar o conhecimento dessas leis para
transformar activamente o mundo. Do ponto de vista marxista, a teoria é
importante, e a sua importância exprime-se plenamente na seguinte frase de Lenine: "Sem teoria
revolucionária não há movimento revolucionário."(5)
Contudo, o Marxismo atribui
uma grande importância à teoria, justa e unicamente porque ela pode guiar a
actividade prática. Se, quando conhecemos uma
teoria justa, contentamo-nos em fazer dela um simples tema de conversação e,
em vez de a pormos em prática, deixamo-la de lado, essa teoria, por mais bela
que seja, não poderá ter qualquer significação. O conhecimento começa pela
prática; e uma vez adquirido o conhecimento teórico através da prática, há
que levá-lo de novo à prática. A função activa do conhecimento não se
exprime somente no salto activo do conhecimento sensível ao conhecimento
racional, mas também, e o que ainda é mais importante, no salto do
conhecimento racional à prática revolucionária. (Kommentar 5: Segundo
salto) [5] Uma vez adquirido o conhecimento das leis do mundo, deve-se dirigi-lo
para a prática da transformação do mundo, aplicá-lo na prática da produção,
na prática da luta de classes e da luta nacional revolucionárias, assim como
na prática da experimentação científica. Tal é o processo de verificação e
de desenvolvimento da teoria, a continuação de todo o processo do
conhecimento. A questão de saber se uma proposta teórica corresponde à
verdade objectiva não é, nem pode ser, inteiramente resolvida no movimento do
conhecimento sensível ao conhecimento racional de que acima falámos. Para
resolver completamente essa questão é necessário, a partir do conhecimento
racional, regressar à prática social; aplicar a teoria na rática e verificar
se ela pode conduzir ao objectivo fixado.(Kommentar 6:A pratica unico
criterio da verdade) [6] Muitas das teorias das ciências da Natureza foram reconhecidas como
verdadeiras, não só por terem sido elaboradas por sábios que se devotam a
essas ciências, mas também por terem encontrado confirmação na prática
científica ulterior. Do mesmo modo, o Marxismo-Leninismo é reconhecido como
verdade não só pelo facto de essa doutrina ter sido cientificamente elaborada
por Marx, Engels, Lenine e Stáline, mas também por ter sido
confirmada pela prática ulterior da luta de classes e da luta nacional
revolucionárias. O materialismo dialéctico é uma verdade universal porque é
impossível, na prática, sair-se desse quadro. A história do conhecimento
humano mostra que a verdade de muitas teorias não era suficientemente
completa mas, em consequência da verificação na prática, essa insuficiência
foi eliminada. Muitas teorias eram erradas mas, em consequência da sua
verificação na prática, os seus erros foram corrigidos. É por isso que a
prática é o critério da verdade, "o ponto de vista da vida, da prática,
deve ser o ponto de vista primordial, fundamental, da teoria do
conhecimento."(6) Estaline exprimiu-se duma maneira
notável a esse respeito: "A teoria resulta sem objecto e não for ligada
à prática revolucionária, exactamente como a prática resulta cega se a teoria
revolucionária não ilumina o seu caminho."(7)
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É aí que se conclui o
movimento do conhecimento? Nós respondemos sim e não. O homem,
enquanto membro da sociedade que participa na prática da modificação dum
processo objectivo determinado num determinado estádio do seu desenvolvimento
(seja da prática da modificação dum processo produzindo-se na Natureza, seja
da prática da modificação dum processo social qualquer), recebe, sob a
influência do reflexo do processo objectivo e da sua própria actividade
subjectiva, a possibilidade de passar do conhecimento sensível ao
conhecimento racional e de criar ideias, teorias, planos ou projectos que
correspondem, em geral, às leis desse processo objectivo; e se na aplicação
ulterior dessas ideias, teorias, planos e projectos, na prática do mesmo
processo objectivo, se chega ao objectivo fixado, isto é, se se consegue, na
prática desse processo, transformar em realidade as ideias, teorias, planos e
projectos previamente elaborados, ou se se chega a realizá-los nas suas
linhas gerais, o movimento do conhecimento desse processo objectivo pode
considerar-se terminado. Por exemplo, no processo duma modificação da
Natureza, a realização do plano duma construção, a confirmação duma hipótese
científica, a criação dum mecanismo, a recolha duma planta cultivada ou
então, no processo duma modificação da sociedade, o sucesso duma greve, a
vitória numa guerra, a execução dum programa de ensino, tudo isso significa
que o objectivo fixado foi atingido. Contudo, dum modo geral, tanto na
prática da modificação da Natureza como na da modificação da sociedade, é
extremamente raro que as ideias, teorias, planos e projectos previamente
elaborados pelos homens, se realizem sem sofrer a mínima alteração. Isso
produz-se porque as pessoas que modificam a realidade encontram-se geralmente
condicionadas por múltiplas limitações: elas encontram-se limitadas não
somente pelas condições científicas e técnicas, mas ainda pelo
desenvolvimento do próprio processo objectivo e pelo grau em que ele se
manifesta (por ainda não terem sido completamente esclarecidos os diferentes
aspectos e a essência do próprio processo objectivo). Em tal situação, dada a
formação na prática de circunstâncias imprevistas, as ideias, as teorias, os
planos e os projectos resultam, muitas vezes, parcialmente modificados e, em
alguns casos, até mesmo completamente. Isso significa que existem casos em
que as ideias, teorias, planos e projectos, tal como tinham sido
originariamente elaborados, não correspondem em parte ou no todo à realidade,
resultam parcial ou totalmente errados. Em muitos casos, só depois de
falhanços repetidos se consegue eliminar o erro, obter a correspondência com
as leis do processo objectivo e transformar assim o subjectivo em objectivo,
quer dizer, chegar na prática aos resultados esperados. Em todo o caso, é
nesse momento que o movimento do conhecimento pelos homens dum processo objectivo
determinado, num grau determinado do seu desenvolvimento, pode considerar-se
acabado.
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Todavia, se se considera o
processo no seu desenvolvimento, o movimento do conhecimento humano não se
termina aí. Quer na Natureza quer na sociedade, todos os processos, em
consequência das suas contradições e lutas internas, progridem e
desenvolvem-se. E o
processo do conhecimento humano deve igualmente progredir e desenvolver-se
com eles. Se se fala dum movimento social, os verdadeiros dirigentes revolucionários
devem não só ser capazes de corrigir os erros existentes nas suas ideias,
teorias, planos e projectos, como se disse anteriormente, mas ainda, por
ocasião da passagem desse processo objectivo determinado de um grau a outro
do seu desenvolvimento, tornar-se, a si próprios e a todos os demais
participantes da revolução, capazes de seguir essa passagem no seu
conhecimento subjectivo, isto é, chegar a fazer corresponder as novas tarefas
revolucionárias, os novos planos de trabalho, às novas modificações surgidas
na situação. Num período revolucionário, a situação modifica-se muito
rapidamente; se a consciência dos revolucionários não chega a seguir com
rapidez tais modificações, estes são impotentes para conduzir a revolução à
vitória.
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Acontece frequentemente,
porém, que as ideias se atrasam em comparação com a realidade. Isso dá-se
porque o conhecimento humano está limitado por várias condições sociais. Nós
lutamos contra os obstinados nas fileiras revolucionárias porque as suas
ideias não seguem o ritmo das modificações da situação objectiva, o que na
História se tem manifestado sob a forma de oportunismo de direita. Esses
indivíduos não vêem que a luta dos contrários já fez avançar o processo
objectivo, enquanto que o seu conhecimento permanece ainda no grau
precedente. Essa particularidade é característica das ideias de todos os
obstinados. As suas ideias estão desligadas da prática social, não podem
colocar-se à frente do carro do progresso social e servir de guias; eles não
sabem mais do que ficar atrás e queixar-se de que o carro vai muito depressa,
tentando puxá-lo para trás ou fazê-lo correr em sentido contrário.
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Nós lutamos igualmente
contra os fraseadores de "esquerda". As suas
ideias aventuram-se para lá duma etapa determinada do desenvolvimento do
processo objectivo; uns tomam as suas ilusões por realidades, outros tentam
realizar à força, no presente, ideais que só são realizáveis no futuro;
desligadas da prática corrente da maioria das pessoas, desligadas da
realidade actual, as suas ideias traduzem-se, na prática, em espírito de
aventura.
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A ruptura entre o subjectivo
e o objectivo, o separar o conhecimento da prática, são características do
idealismo e do materialismo mecanista, do oportunismo e do espírito de
aventura. A teoria marxista-leninista do conhecimento, que se caracteriza
pela prática social científica, não pode deixar de lutar com resolução contra
tais concepções erradas. Os marxistas reconhecem que no processo geral,
absoluto, de desenvolvimento do Universo, o desenvolvimento de processos
concretos particulares é relativo. É por isso que, na corrente infinita da
verdade absoluta, o conhecimento que os homens têm de processos concretos
particulares, em etapas determinadas do seu desenvolvimento, não contém mais
do que verdades relativas. A verdade absoluta(8) é constituída pela soma de incontáveis verdades relativas. O desenvolvimento dum processo objectivo é um desenvolvimento pleno
de contradições e de lutas. O desenvolvimento do processo do conhecimento
humano é igualmente um desenvolvimento pleno de contradições e de lutas. Todo
o movimento dialéctico do mundo objectivo pode, tarde ou cedo, encontrar o
seu reflexo no conhecimento humano. Na prática social, o processo do
nascimento, desenvolvimento e morte, é infinito; igualmente infinito é o
processo do nascimento, desenvolvimento e morte do conhecimento humano. É
justamente porque a prática que modifica a realidade objectiva na base de
ideias, teorias, planos e projectos determinados, está em progressão
constante que o conhecimento humano da realidade objectiva se aprofunda sem
cessar. O movimento de modificação do mundo real, objectivo, é eterno e
ilimitado; igualmente eterno e ilimitado é o conhecimento que os homens obtêm
da verdade no processo da prática. O Marxismo-Leninismo não põe de
maneira alguma fim à descoberta da verdade; pelo contrário, ele abre sem
cessar as vias do conhecimento da verdade no processo da prática. A nossa
conclusão é que nós somos pela unidade histórica, concreta, do subjectivo e
do objectivo, da teoria e da prática, do conhecimento e da acção; nós somos
contra todas as concepções erradas — de "esquerda" e de direita —
desligadas da história concreta.
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Na época actual do
desenvolvimento social, a História encarregou o proletariado e o seu Partido
da responsabilidade de conhecer o mundo duma maneira exacta e transformá-lo. Na China, como no mundo inteiro, o processo da prática de transformação
do mundo, determinado na base do conhecimento científico, já atingiu um
momento histórico de alta importância, um momento como a história da
humanidade ainda não conheceu: o momento que vê dissiparem-se completamente
as trevas na China e no mundo inteiro e a transformação deste mundo num mundo
novo, radioso. A luta do proletariado e dos povos revolucionários pela
transformação do mundo implica a realização das tarefas seguintes: a
transformação do mundo objectivo, como a do próprio mundo subjectivo de cada
um — a transformação das próprias capacidades cognitivas de, cada um, como a
da relação existente entre o mundo subjectivo e o mundo objectivo.
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Numa parte do globo terrestre, na
União Soviética, os homens realizaram já essas transformações e aceleram-lhes
actualmente o processo. O povo chinês e os povos do mundo inteiro estão hoje
igualmente empenhados, ou estarão empenhados no futuro, no processo de tais
transformações. O mundo objectivo a transformar inclui igualmente todos os
adversários dessa transformação; eles devem no início passar pela etapa da
transformação, pela coacção, depois do que poderão abordar a etapa da
reeducação consciente. A época em que a humanidade inteira passará
conscientemente à sua própria transformação e à transformação do mundo, será a
etapa do comunismo no mundo inteiro.
Pela prática, descobrir as
verdades e, igualmente pela prática, confirmá-las e desenvolvê-las. Passar
activamente do conhecimento sensível ao conhecimento racional, depois, passar
do conhecimento racional à direcção activa da prática revolucionária, para
transformar o mundo subjectivo e objectivo. A prática, o conhecimento, e
novamente a prática e o conhecimento, essa forma, na sua repetição cíclica, é
infinita. Além disso, o conteúdo de cada um desses ciclos de prática e de
conhecimento vai-se elevando a um nível cada vez mais alto. Tal é, no seu
conjunto, a teoria materialista-dialéctica do conhecimento, tal é a concepção
materialista-dialéctica da unidade do conhecimento e da acção.
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Notas:
(*) No nosso Partido houve camaradas,
dogmáticos, que rejeitaram durante muito tempo a experiência da revolução
chinesa, negando essa verdade segundo a qual "o Marxismo não é um dogma
mas antes um guia para a acção", e não fazendo mais do que amedrontar as
gentes com palavras e frases isoladas, extraídas à sorte dos textos marxistas.
Igualmente existiram outros camaradas, empíricos, que durante muito
tempo se reduziram à sua fragmentária experiência pessoal, sem compreenderem a
importância da teoria para a prática revolucionária nem verem a situação da
revolução no seu conjunto. Por mais zelosamente que trabalhassem, o seu
trabalho fazia-se às cegas. As concepções erradas desses dois grupos de
camaradas, em particular as concepções dogmáticas, causaram um prejuízo enorme
à revolução chinesa, durante os anos 1931-1934. Além disso, os dogmáticos,
envoltos na toga marxista, induziram em erro muitos dos nossos camaradas. O
presente artigo foi escrito com o fim de desmascarar, partindo da teoria
marxista do conhecimento, os erros de carácter subjectivista cometidos pelos
partidários do dogmatismo e do empirismo, sobretudo os primeiros, no interior
do nosso Partido. Neste trabalho, o acento está posto na denúncia dessa
variedade de subjectivismo que menospreza a prática — o dogmatismo; e é por
isso que se intitula "Sobre a Prática". As ideias desenvolvidas aqui
pelo camarada Mao Tsetung, foram oportunamente expostas numa conferência que
fez na Academia Militar e Política Anti-Japonesa de Ien-an. [11] (Kommentar 11: Dogmatismo )-( Empirismo)
(2) Ver K. Marx: Teses sobre
Feuerbach;, V. I.
Lenine: Materialismo e Empiriocriticismo, capítulo II, secção 6. (retornar ao
texto)
(4) Ver V. I. Lenine:
"Resumo do Livro de Hegel A Ciência da Lógica". Lenine dizia: "Para
compreender, há que começar a compreender, a estudar duma maneira empírica, a
elevar-se do empírico ao geral." (retornar ao texto)