17/04/2017
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Editorial –
Só a Revolução salvará o Brasil da barbárie
As execuções policiais contra populações
das favelas no RJ são uma amostra da guerra civil reacionária desencadeada
contra o povo pelo velho Estado com incentivo do monopólio da imprensa. Para o
mal ou para o bem, o Rio de Janeiro tem sido a vitrine do genocídio cotidiano
que o Estado leva a cabo em todo o país. Na verdade, o Rio é a realidade mais
escancarada da situação revolucionária que se desenvolve no Brasil. Os
protestos das massas são claramente a demonstração de que o povo não aceita
mais viver sob o tacão da velha ordem e está a indicar que somente pela revolta
violenta poderá se defender das injustiças, abusos, exploração e selvageria do
Estado genocida, do caos em que se afunda o país, no plano inclinado para a
barbárie.
Editorial,
AND nº 187
As recentes
cenas de destruição do parlamento paraguaio reavivaram na memória os
acontecimentos de 2013, quando a juventude enfurecida incendiou parte do
Palácio Tiradentes, sede do poder legislativo do Rio de Janeiro. Lembraram,
também, as últimas escaramuças de servidores públicos com salários atrasados e
ameaçados de perder direitos.
Em se
falando de revolta do povo, já se tornou rotina o protesto das populações de
favelas contra execuções e “balas perdidas” promovidas pela Polícia Militar. No
Rio de Janeiro: Acari, Chapadão, Cidade de Deus, Maré, Alemão, Manguinhos,
Morro dos Macacos, Complexo do Lins e Dona Marta são só uma amostra dos últimos
quinze dias da guerra civil reacionária desencadeada contra o povo pelas
classes dominantes brasileiras, através do seu velho Estado, com o incentivo e
justificativa cínica do monopólio da imprensa.
Para o mal
ou para o bem, o Rio de Janeiro tem sido a vitrine do genocídio cotidiano que o
Estado leva a cabo em todo o país. Na verdade, o Rio é a realidade mais escancarada
da situação revolucionária que se desenvolve no Brasil.
Por um
lado, temos desde 2013 as acusações contra Cabral, ainda governador, quando
professores e a juventude lhe fizeram um cerco que culminou com sua renúncia. A
partir daí juntaram-se revelações de corrupção de Cabral, Cunha, Cavendish,
Odebrecht, Moreira Franco, Pezão, Eduardo Paes, Picciani, Eike Batista e,
agora, a cúpula do Tribunal de Contas do Estado (TCE), da qual deverá arrolar,
pelo menos, mais uma centena de “nobres” ocupantes do aglomerado de suntuosas
coberturas no Leblon, São Conrado e Barra da Tijuca.
O roubo
desavergonhado na Petrobras e nos cofres do estado e na prefeitura do Rio de
Janeiro tiveram o efeito de transformar, de uma hora para outra, irrisórios
patrimônios em potentados nababescos. Farras homéricas, viagens indescritíveis,
jóias, presentes e bebidas caras fizeram parte da gastança ilimitada, filha da
gatunagem estratosférica.
A corrupção
desbragada como modus operandi deste atrasado capitalismo burocrático tem na
situação falimentar do estado do Rio de Janeiro sua cara mais exposta. Tal
situação só faz ampliar exponencialmente a miséria endêmica da população,
abandonada nas questões básicas do convívio social como saúde, educação,
transporte, habitação, saneamento, em sua existência permanentemente à mercê da
violência do Estado e da delinquência.
Longe de
pensar que esse quadro só ocorre no Rio de Janeiro! Essa é também a realidade
de estados como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e outros Brasil afora. O que ocorre
é que no Rio de Janeiro a bandalheira das classes dominantes foi potencializada
pela certeza de que, para o ricos, o crime compensa, como de fato nos comprova
a situação de condenados cumprindo prisão domiciliar.
No outro
lado da moeda, o Rio de Janeiro é a vitrine mais assustadora para as classes
dominantes e sua récua de politicalhos. Tomando-se como marco as grandiosas
manifestações de 2013, contra a Copa das Confederações, contra a Copa da Fifa,
pela punição dos torturadores do regime militar, contra os desmandos de Cabral,
o boicote à farsa eleitoral em 2014 e 2016 resultando no baixíssimo número de
votos dos “eleitos”, as manifestações contra a retirada de direitos dos
servidores e dos trabalhadores em geral — com as reformas reacionárias da Previdência
e Trabalhista —, e, principalmente, os cotidianos protestos dos moradores de
bairros e favelas contra a covarde repressão policial e por acesso aos serviços
públicos. Todas essas manifestações são claramente a demonstração de que o povo
não aceita mais viver sob o tacão da velha ordem e está a indicar que somente
pela revolta violenta poderá se defender das injustiças, abusos, exploração e
selvageria do Estado genocida, do caos em que se afunda o país, no plano
inclinado para a barbárie.
Cansado de
ver as promessas eleitoreiras de todas as siglas do Partido Único dar em nada
ou piorar a situação, e descrente das instituições do famigerado “Estado
Democrático de Direito” (isto é, Estado das classes dominantes para oprimir e
explorar as massas), só resta ao povo pugnar por uma Revolução.
Uma
Revolução realizada pela frente única das classes dominadas, sob a hegemonia do
proletariado: a classe operária e o vasto semiproletariado urbano, o
campesinato principalmente pobre, quilombolas, professores, funcionários
públicos, pequenos e médios proprietários (de indústrias, de comércios, de
serviços e do campo), povos indígenas, juntamente com todo o povo oprimido. A
Revolução de Nova Democracia para varrer a semifeudalidade, o capitalismo
burocrático e o imperialismo, baseada no confisco dos latifúndios, o confisco e
a nacionalização dos bancos, das propriedades do imperialismo, da grande
burguesia local e o cancelamento das dívidas interna e externa.
Com tais
recursos, a Revolução poderá implementar a entrega das terras aos camponeses
pobres sem terra ou com pouca terra, promover a produção nacional com trabalho,
alimentação, educação, saúde, transporte, habitação e saneamento para toda a
população, pois, diferente das promessas eleitoreiras, a Revolução terá nas
mãos os recursos provenientes da confiscação dos bens e capitais dos
exploradores do povo.
Crise do velho Estado, Editorial