Com apoio de Israel, fascistas fizeram banho de sangue contra palestinos
Massacre de 1982 foi um dos mais sangrentos após II Guerra
Em 1982, nos campos de refugiados de Sabra e Chatila que resguardavam palestinos e libaneses, na fronteira entre a Palestina e o Líbano, ocorreu um dos maiores banhos de sangue após o término da 2ª Grande Guerra Imperialista. O número de mortos é escondido, mas estimativas apontam cerca de 3.500 assassinados.
O episódio ocorreu em meio da guerra civil libanesa, efervescente pela recente invasão de territórios árabes pelo Estado sionista em 1967 (“guerra dos seis dias”) e pelo grande fluxo migratório da massa palestina que, expulsa de suas terras, refugiara-se naquele país. Nesse contexto, o próprio Líbano fora invadido pelos sionistas em junho de 1982, quando Israel argumentou que estaria a reprimir “terroristas palestinos” escondidos. Ao mesmo tempo, também no Líbano, emergia o grupo de aspiração fascista e anti-árabe, a Falange Libanesa.
No dia 14 de setembro de 1982, logo após ser eleito presidente daquele Estado, o líder da Falange Libanesa, Bashir Gemayel, foi aniquilado em uma explosão de carro-bomba. Atribuiu-se a ação aos grupos da resistência árabe-palestina.
Dois dias depois, as milícias da Falange agem contra as massas indefesas e desarmadas para retaliar a morte do líder de seu bando. No entanto, os fascistas não poderiam efetuar tamanha ação sozinhos: contaram com o apoio, inclusive operacional, do Estado sionista de Israel, ainda que este negue.
A ação genocida de aniquilamento em massa durou 38 horas ininterruptas nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, na periferia da capital Beirute, no Líbano.
Tal como citou a jornalista brasileira Rosana Bond em seu artigo Resistência do povo palestino (AND nº 14), no livro O massacre de Sabra e Chatila, o jornalista israelense Amnon Kapeliouk relata alguns detalhes desta operação:
“Em numerosos apartamentos, crianças de 3 ou 4 anos são encontradas de pijamas, enroladas em cobertores ensanguentados. Mas, frequentemente, os assassinos não se contentam em matar, [e também]cortam os membros de suas vítimas antes de liquidá-las, esmagam contra a parede a cabeça das crianças e de bebês; mulheres e até meninas são violadas antes de serem assassinadas a golpes de machado. Usando o machado e a faca, os milicianos espalham o terror, abatendo sem distinção homens, mulheres, crianças e velhos. Também não distinguem entre cristãos e muçulmanos, libaneses e palestinos. Todos os que vivem nos acampamentos devem ter o mesmo fim”.
O mesmo jornalista também denuncia a participação do Exército sionista: “O general [referindo-se ao militar israelense Amos Yaron] confirma-lhes [às milícias fascistas] que suas tropas fornecerão toda a ajuda necessária ‘para a limpeza de terroristas nos acampamentos’. O general Drori, em seguida, telefona a Ariel Sharon [primeiro-ministro sionista de 2001 a 2006; à época do genocídio era ministro da defesa] e anuncia-lhe: ‘Nossos amigos estão penetrando nos acampamentos. Coordenamos sua entrada’. ‘Parabéns!’, responde Ariel Sharon, ‘a operação de nossos amigos está aprovada’”.