Ano XVI, nº 192 - 2ª quinzena de Julho de
2017
fcompartilhar
É só no que
se fala, todo Brasil comenta: por que Temer ainda não caiu? Não é que haja
esperança por parte do povo de que venha coisa melhor a curto e mesmo a médio
prazos, mas, a pertinácia de Temer em se aferrar ao cargo causa espanto geral.
Como
cadáver político, Temer deambula mundo afora, fingindo que encarna alguma coisa
de poder, enquanto o “mercado” e os grupos de poder procuram, em sua permanente
pugna e conluio, encontrar um substituto que assegure, com máxima urgência, no Parlamento,
a concretização das reformas antipovo e vende-pátria que tanto almejam, caso se
torne insustentável mantê-lo. Vejamos que, como o Brasil assistiu estarrecido,
o Congresso de bandidos, a soldo dos banqueiros, industriais e latifundiários,
aprovou já, a toque de caixa, o maior ataque aos direitos dos trabalhadores.
Em visível estado de derretimento, Temer
reúne-se diuturnamente com o núcleo duro de sua quadrilha para maquinar
estratégias de sobrevida para a mesma: liberação de emendas parlamentares,
promessas de veto em aspectos da “reforma” das leis trabalhistas, substituição
nas comissões da Câmara de possíveis “infiéis” e ainda articulações com os
chefes partidários na tentativa de entregar-lhes o que já não dispõe em seu
estoque de poder. Já afirmamos aqui que a aliança entre duas quadrilhas, das
mais perigosas como a de Temer e Meirelles — na qual o poder real se acha nas
mãos de Meirelles, preposto do imperialismo, cabendo a Temer apenas dar a
chancela do cargo às “reformas” exigidas —, é a razão única dos esforços
mancomunados de confederações de bancos, industriais e do agronegócio por
assegurá-lo no posto até que seja resolvida a fatura, em meio à aguda pugna
entre suas frações.
O poder, de fato, segue no momento com
Meirelles. Tanto é assim que nas articulações para o pós-Temer não se cogita,
em hipótese alguma, tirar ele e sua turma do Ministério. Pelo contrário, ele
mesmo já declarou que, na hipótese de um novo governo, ainda botará o BNDES sob
sua custódia.
Da parte do oportunismo, o “Fora Temer” se
resume ao requentar da campanha “Diretas Já” agora como farsa, pois, com seu
incurável cretinismo parlamentar, associa-se ao imperialismo, à grande
burguesia e ao latifúndio na tentativa de dar sobrevida à velha ordem. Lançam
gritos de “Fora Temer” e falsos brados contra as “reformas”, mas defendem o que
há de essencial nelas. Sem o menor pejo chafurdam em negociações no lamaçal da
“lava jato” para salvar o barco do podre sistema político do naufrágio.
Querer embandeirar a luta do povo com os
trapos da farsa eleitoral só causa desconfiança por parte da classe operária,
do campesinato e do povo em geral, que se postam indecisos diante de
convocatórias de Greve Geral sem a efetiva preparação que assegure a
concretização do propósito e não a armação de pelegos para salvar suas arapucas
sindicais.
Pelo lado do povo, se levanta, cada vez mais e
com maior vigor, a bandeira da Revolução Democrática. As tomadas de terra
acontecem de Norte a Sul do país, numa demonstração de repúdio, tanto aos reacionários
como aos oportunistas, que se irmanaram para dar continuidade à
semifeudalidade.
As chacinas praticadas são há muito campanhas
de terror para desmobilizar e paralisar as massas camponesas, principalmente
frente à iminência da explosão da luta por todo o país. Porém, como já ficou
claro, terror nenhum irá deter a luta das massas camponesas. E nada nem ninguém
poderá parar a maré montante da revolta popular.
Tal como a situação insepulta do cadáver
político Temer, a série sem fim de crimes cometidos contra os trabalhadores —
seja sob a cobertura legal de um Congresso de bandidos a soldo das
confederações empresariais e cobertura de um judiciário podre, sejam os
massacres de camponeses a mando dos latifundiários — é, no final das contas,
imenso material inflamável se acumulando em todo o Brasil.
Que os reacionários e oportunistas tremam ante
a ideia e concreção da revolta violenta das massas!
fcompartilhar
tag: Editorial