Reproduzimos
na íntegra a nota do Centro Brasileiro de Solidariedades aos Povos (Cebraspo)
sobre o evento ocorrido em Rondônia no dia 30/08/2017.
EVENTO
CELEBROU OS 22 ANOS DA RESISTÊNCIA CAMPONESA DE CORUMBIARA
Cerca de
140 pessoas participaram do Seminário 22 anos da Resistência de Corumbiara e os
Conflitos Agrários na Atualidade realizado, no último dia 30 de agosto, na
Universidade Federal de Rondônia (UNIR), em Porto Velho. O Auditório da
DIRED/UAB, no Campus da UNIR, ficou lotado. O evento foi organizado pela
Associação Brasileira de Advogados do Povo (Abrapo) e pelo Centro Brasileiro de
Solidariedade aos Povos (Cebraspo). Além dos organizadores, compuseram a mesa a
Liga dos Camponeses Pobres (LCP) de Rondônia e Amazônia Ocidental, o Movimento
dos Atingidos por Barragem (MAB), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o
Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Na abertura
do Seminário, o Comitê de Apoio ao Jornal A Nova Democracia exibiu o
documentário Terra e Sangue — Bastidores do Massacre de Pau D’Arco. O
curta-metragem impactou os presentes, sobretudo a partir do depoimento dos
camponeses. Também estiveram presentes, advogados e professores da Área de
Direito, além de outros professores da UNIR. Camponeses de áreas camponesas da
LCP e lideranças indígenas deram seus depoimentos sobre a violência praticada
pelo velho Estado e pelo latifúndio.
O centro
das intervenções das organizações que compuseram a mesa foi o de externar a
necessidade das organizações democráticas e dos intelectuais honestos em
denunciar o processo crescente de fascistização existente em nosso país. Este
processo se dá de forma institucionalizada a partir da ação do judiciário, como
no caso de Pau D’Arco e das polícias militares que perseguem e criminalizam
camponeses em várias regiões, bem como por bandos armados de pistoleiros que
agem sob a proteção estatal. Assassinatos como de Nicinha (2016), liderança do
MAB-Rondônia, continuam impunes.
As
organizações presentes também afirmaram que a repressão não parará a luta pela
terra. Esta afirmativa partiu da análise que, em momentos em que ocorreram o
recrudescimento da repressão - como foi o caso de Corumbiara/RO (1995),
Eldorado dos Carajás/PA (1996), ou mesmo Pau D’Arco/PA e Colniza/MT neste ano
-, isso só gerou e gera mais sede de vingança dos camponeses, além de estimular
sua organização para tomar as terras do latifúndio. O processo crescente de
avanço do latifúndio nas terras de Rondônia e as grandes obras de
infraestrutura como as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau aumentaram ainda
mais as contradições e a violência no campo.
SÓ A
REVOLUÇÃO AGRÁRIA VAI ENTREGAR TERRAS AOS CAMPONESES
As
denúncias de crimes do latifúndio e do Velho Estado foram feita cara a cara na
presença de policiais que estavam à paisana. Em Rondônia, inúmeros policiais
militares são acusados de pertencer a grupos de extermínio e atuar na
organização da pistolagem, e isto é fato. Sem se intimidar, a Liga dos
Camponeses Pobres conclamou todos os presentes a tomar todas as terras do
latifúndio através de uma Revolução Agrária, parte da Revolução Democrática
ininterrupta ao Socialismo.
A luta dos
indígenas, atingidos por barragens, ribeirinhos, quilombolas e camponeses é uma
luta contra o Velho Estado burguês-latifundiário que quer expulsá-los de suas
terras. No caso dos povos indígenas, denunciou-se a disposição do gerente de
turno Michel Temer de rever todos os processos de demarcação de Terras
Indígenas, para atender a sua base de sustentação no Congresso de bandidos,
principalmente a bancada de latifundiários.
No
encerramento do Seminário, a Abrapo saudou os advogados e estudantes de Direito
presentes no evento e conclamou-os a se somarem na estruturação de um núcleo
local de Advogados do Povo para dar sustentação jurídica às diversas lutas do
campo e da cidade.