A
APIB, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, repudia de forma
veemente as declarações do Presidente da República, Jair Bolsonaro,
durante a abertura on-line da 86.º Expozebu, no dia 01 de maio.
Em
primeiro lugar não são parentes ou irmãos os que promovem o genocídio
da COVID 19, que negam o direito das nações indígenas ao seu território e
apoiam as invasões assassinas realizadas pelos latifundiários nestas
terras sagradas.
Em segundo lugar, terroristas são os que promovem o genocídio de mais de 420.000 brasileiros, e não os camponeses e seus movimentos, citados pela fala esdrúxula o MST e a Liga dos Camponeses Pobres, que lutam pela terra.
A
luta pela terra não é um “foco de terrorismo em Rondônia”, como quis
fazer parecer o Presidente falando aos latifundiários, quando atacou a
LCP.
A luta pela terra e pelos territórios dos povos
indígenas e quilombolas é a legítima reivindicação de milhões de
brasileiros e dos povos originários por todos os rincões brasileiros; é a
legítima reivindicação da nação para sustar a pilhagem imperial de
mineradoras, madeireiras, plantadores de soja e criadores de gado, que
fazem terra arrasada da imensurável riqueza das terras brasileiras e de
sua natureza.
Ao atacar a LCP como terrorista, além de
tentar tirar o foco de seus crimes durante a pandemia, o que pretende
com estas declarações este senhor é preparar o terreno para novos
massacres no campo, justamente neste mês de maio em que se completam
quatro anos do famigerado massacre de Pau D`arco, no Pará, ocorrido no
dia 24 de maio de 2017.
Não custa lembrar que os mandantes e executores deste crime hediondo estão livres, e os camponeses que vivem na Fazenda Santa Lúcia, onde ocorreu o massacre, estão ameaçados de despejo.
Nós, povos indígenas do Brasil, repudiamos esta fala perversa e mal intencionada, e declaramos que nossos verdadeiros irmãos são os camponeses, os quilombolas e o povo trabalhador brasileiro.
APIB, 10 de maio de 2021