Saturday, February 13, 2021

A NOVA DEMOCRACIA BRASIL: Carrapatos de ianques, representantes do governo se reúnem com embaixador e secretário de estado de Joe Biden

Carrapatos de ianques, representantes do governo se reúnem com embaixador e secretário de estado de Joe Biden

Jair Bolsonaro e Todd Chapman. O embaixador, juntamente com o Secretário de Estado Tony Blinken, se reuniram ainda com: Ernesto Araújo, Hamilton Mourão e receberam carta de senador brasileiro. Foto: Reprodução

O embaixador norte americano Todd Chapman e o secretário de Estado Tony Blinken desembarcaram em solo brasileiro no início de fevereiro. Durante suas visitas, sempre muito bem quistas pelo establishment brasileiro, duas se destacam: uma reunião com Bolsonaro e outra com Mourão. Como forma de manter a relação entre a superpotência hegemônica única e o Brasil, os representantes do novo governo ianque finalizaram uma série de acordos, e além de encaminharem outros.

Em uma das duas reuniões que o embaixador fez com o ministro Ernesto Araújo, o presidente fascista Jair Bolsonaro esteve naquela realizada em 6 de fevereiro. A expectativa criada pelo fato de que Bolsonaro, apoiador de carteirinha do derrotado e processado Trump, pudesse tomar mais robustez dissipou-se. Em publicação no twitter, Araújo declarou o seguinte após o encontro o secretário de Estado Antony Blinken: “Agenda 100% positiva. Ficou claro que há excelente disposição e amplas oportunidades para continuarmos construindo uma parceria profunda entre o Brasil e o Estados Unidos”.

São tantos os interesses ianques em relação ao nosso país, e tão desavergonhada a discurseira diplomática tupiniquim, que caberia perguntar ao senhor Araújo se os eleitores brasileiros participaram da eleição de Joe Biden. O Itamaraty declarou o seguinte: “Identificaram [os dois países em questão] ampla agenda de ação conjunta em temas comerciais e de investimentos, na defesa e promoção da democracia, na questão do clima e meio ambiente, em direitos humanos e no enfrentamento da Covid”.

Postura bem diferente da adotada por Bolsonaro em meados de novembro, logo após a vitória eleitoral de Joe Biden, que afirmou durante campanha que em situação de agravamento das queimadas na floresta Amazônica levantaria barreiras comerciais. Nesta ocasião, Bolsonaro afirmou que “apenas a diplomacia não dá, né, Ernesto. Porque quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, se não, não funciona”.

A base espacial de Alcântara (cavalo de tróia para estabelecimento de base militar ianque em território nacional) é, ainda, um outro elemento chave que Biden vai buscar levar a termo. Em ofício enviado diretamente para o embaixador Todd Chapman, o senador do Maranhão Roberto Rocha (PSDB) convidou o governo ianque a visitar o Centro de Lançamentos da Base de Alcântara. Rocha, que é presidente do Grupo Parlamentar Brasil-USA no Congresso, defende que o acordo lesa-pátria irá mudar positivamente a realidade da população quilombola afetada.

Novo representante do USA, Joe Biden, busca aprofundar relações imperialistas

O grupo Redes no Estados Unidos pela Democracia no Brasil (formado por ONGs oportunistas e ligadas ao Partido Democrata) entregou, nos primeiros dias de fevereiro, um dossiê no qual pedem que o Congresso do USA realize uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Amazônia. O relatório, que já foi entregue a Joe Biden, é uma forma pela qual o establishment ianque pode vir a negociar (leia-se, chantagear) com o governo brasileiro no sentido de aprovar todos os acordos lesa-pátrias.

As porta-vozes Kristina Rosales e Jennifer Rene Psaki, em entrevistas representando a posição da Casa Branca, sede do governo de Biden, não se cansam de repetir que a parceria econômica com o Brasil é estável e está intocável. E, buscando demonstrar que é uma parceria benéfica para o nosso país, afirmam que, por meio do Usaid (agência ianque para o “desenvolvimento internacional”), foram enviados 1,5 milhão de dólares para “enfrentamento à pandemia” – quantia irrisória frente ao necessário.

Kristina Rosales tocou na questão ambiental, tema sobre o qual a administração Biden vai se debruçar em 22 de abril na cúpula sobre clima. Ela diz que há cooperação de vários anos com o setor privado brasileiro na questão, ressaltando que isso se dá, também, devido ao “trabalho que o USA faz com as ONGs locais na região da Amazônia”. Ela destacou, ainda, outras parcerias semelhantes na fronteira com Peru e Colômbia.

Como já afirmou durante a campanha presidencial, Biden vai fazer do desmatamento na Amazônia a principal plataforma para a relação com o Brasil. Por trás dessa cínica preocupação escondem-se os interesses econômicos dos monopólios norte-americanos por apoderar-se das riquezas naturais aqui presentes, os quais atravessam grave crise de superprodução relativa.

Uma relação nociva ao país

De acordo com os dados mais recentes (que são do ano de 2018), o USA é o maior investidor direto no Brasil. Sua inversão de capitais para cá chegam na casa dos 134,1 bilhões de dólares.

Em 2020, concluiu-se três acordos entre os países. Assinados no dia 19/10, os acordos facilitaram o “comércio, boas práticas regulatórias e anticorrupção”. Tratavam diretamente da abolição de barreiras tarifárias para produtos, para simplificação ou extinção de certos trâmites burocráticos, favorecendo, portanto, os exportadores. Acontece que os maiores favorecidos nessa relação são os ianques, que aportam 213% a mais que o Brasil.

Essa relação, verdadeira chaga de nossa história presente nos últimos dois séculos, teve um impacto no último ano pandêmico. O comércio diminuiu 25% entre janeiro e setembro de 2020. Terminando por colocar o Brasil em relação de déficit (perda) de mais de 3 bilhões de dólares.

Ainda assim, não faltam sabujos brasileiros a embelezarem e exaltarem a relação. Entre eles, destaque merecido deve ser dado à direita militar e ao próprio Alto Comando das Forças Armadas, que, durante o regime militar, se beneficiaram largamente da sangria nacional.

Trecho de “O governo militar secreto” de Nelson Werneck Sodré:

Capítulo 3 - O golpe militar no Brasil

(...)

Em junho de 1964, a imprensa brasileira divulgava, sob o título “Se é bom para USA é bom para Brasil”, o seguinte e pitoresco telegrama: “Washington, 26 (FP-UH) – Chegando, ontem, a esta capital, o novo embaixador brasileiro, general Juraci Magalhães, declarou, saudando o povo norte-americano, que “tudo que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Mais: “Agora, depois de longos anos de luta clandestina pela democracia, volto à vida pública”. O Sr. Juraci, há pouco mais de um ano, era governador do Estado da Bahia” (…).

“O depoimento prestado pelo Sr. Juraci Magalhães, na comissão que investiga o escândalo Dominium-Deltec, e cujo texto publicamos em nossa edição de ontem, marcou sem dúvida o início de uma nova fase do movimento de 1964. O formulador e executor da maioria dos atos institucionais teve de comparecer à Delegacia dos Crimes contra o Tesouro e a Fazenda para explicar a sua participação nas irregularidades apuradas. Não confessou apenas que é diretor da Deltec (...). Apareceu, também, o Sr. Juraci Magalhães como dirigente de diversos grupos estrangeiros (...). A lista é grande: Ericsson, Light, City, Sanbra, Poliar e outras, abrangendo os setores de telecomunicações, energia, petróleo, petroquímica, óleos vegetais, fretes, comércio exterior e mercado de capitais. Como é óbvio, o depoente se habilitou para essas funções sobretudo no exercício da Embaixada em Washington, e nos ministérios da Justiça e do Exterior. Levantou-se a ponta do véu. E as Forças Armadas puderam descobrir, afinal, de que maneira vinham sendo maliciosamente utilizadas por uma cúpula a serviço de interesses antinacionais.”