Friday, November 5, 2021

A NOVA DEMOCRACIA BRASIL: No Porto de Santos, caminhoneiros mantêm paralisação total enquanto polícia é enviada para reprimir

 

 

 

No Porto de Santos, caminhoneiros mantêm paralisação total enquanto polícia é enviada para reprimir

Caminhoneiros manifestando-se atrás de cercadinho montado pela PRF no Porto de Santos. Foto: Reprodução.

Caminhoneiros autônomos seguem ocupando uma das vias para o Porto de Santos, em São Paulo, contando com a adesão de 100% da categoria na região. Devido à persistência dos caminhoneiros em luta desde Santos, os trabalhadores são agora alvos da repressão do governo militar de Bolsonaro e generais.  A combatividade exemplar tem sido saudada por caminhoneiros de todo o país, que também seguem mobilizados.

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Em Santos está localizado o maior Porto da América Latina. Ali, caminhoneiros têm realizado, desde o primeiro dia da paralisação nacional da categoria, uma completa interrupção das atividades. Em consequência, diminuiu-se o escoamento das cargas ali presentes. Em razão disto, muitas entradas do Porto foram fechadas pela própria administração.

O piquete do Porto de Santos impressiona, pois impactou o desembarque em vários terminais, afetando a descarga dos contêineres de 20% dos navios. Manifestantes divulgaram vídeo tanto da estrada como no interior e, em ambos, é notável o esvaziamento do principal Porto do país: pontos que antes tinham grandes filas de caminhões abastecendo (principalmente autônomos) estão nos últimos dias sem nada.


FORÇAS DE REPRESSÃO BUSCAM ATACAR MOBILIZAÇÃO

Caminhoneiros que estavam de vigília registraram efetivos da Polícia Regional Federal (PRF) chegando às 3h da madrugada do dia 04/11. Como parte da tentativa de impedir a mobilização, os policiais colocaram cercas para isolar o acesso dos grevistas às vias e impedir que interajam com os caminhoneiros funcionários de empresas (celetistas) que por ali passassem. Ao longo deste dia o contingente policial da PRF deslocado para o porto chegou a 200 agentes, em um número desproporcional em relação aos outros dias. A previsão é de que haja tentativa de dispersão com repressão policial selvagem.

Dentre os focos de paralisação, o de Porto de Santos tem se destacado pela alta adesão, apesar das sucessivas investidas da PRF no objetivo de reprimir e dispersar a mobilização, iniciada na madrugada do dia 01/11. Em vídeo divulgado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), um caminhoneiro no Porto de Santos discursa para os demais no dia 3 de novembro: “Aqui entram 7 mil caminhões por dia, hoje entraram 1 mil. Sabe de onde vinham os outros seis mil? São os autônomos. São os ‘30%’ [da categoria dos caminhoneiros]. Está aí, nossa categoria parada aqui, nós estamos com vocês e vai ser o que a massa quiser”.

STF NEGA DIREITO À LIVRE MANIFESTAÇÃO

Os caminhoneiros seguem mobilizados enfrentando uma dura situação de cerco e censura pela polícia, do judiciário e dos monopólios de imprensa. No dia 03/11, pela manhã, o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou que os caminhoneiros não poderiam fechar as rodovias. A decisão do presidente da corte, o reacionário Luiz Fux, ordenou a permanência das 29 liminares que impedem a ocupação de vias pelos manifestantes, deflagradas antes do início da greve como forma de dispersá-la.

Entretanto, enquanto as representações da categoria continuam recorrendo judicialmente pela garantia de seu direito constitucional de livre manifestação, caminhões seguem parados no Rio Grande do Sul, em Ijuí, no Paraná, em São José dos Pinhais. Também há nova adesão da categoria para a greve em Goiás, em Rio Verde, e em outros lugares.

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A greve possui apoio da categoria em todo o país, mas ainda tem pouca visibilidade devido à censura do monopólio de imprensa, por um lado, e pelo outro, por conta do impedimento às manifestações em rodovias, que ainda deixa receosa boa parte da categoria que, embora parada, não se manifesta como em 2018 pelas altas multas. As manifestações em Santos têm, pois, singular importância para a atual luta dos caminhoneiros, por ser este o maior porto da América Latina.

O diretor da CNTTL, em Ijuí, fazendo um balanço parcial do movimento até agora, disse em vídeo: “[Sobre os] caminhoneiros autônomos, são muito poucos os que estão fazendo o trajeto por aqui, é por isso que a gente diz que o resultado é positivo, que a greve é positiva, pois ela se dá em um momento de extrema dificuldade. Modificar o Preço da Paridade Internacional do Petróleo (PPI) é imprescindível, não só para o caminhoneiro – principalmente para ele –, mas para toda a sociedade”, e convoca para fazer o protesto “em cima da rodovia, em cima da pista, em cima do nosso local de trabalho”.