Monday, December 13, 2021

A NOVA DEMOCRACIA BRASIL: Honra e Glória Eternas ao Companheiro José Fonseca (Pelé)

 

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REDAÇÃO DE AND

 

 13 DEZEMBRO 2021

Honra e Glória Eternas ao Companheiro José Fonseca (Pelé)



Companheiro José Fonseca, Pelé. Foto: Banco de Dados AND

O Companheiro José Fonseca, o Pelé, faleceu na noite do dia 8 último, vítima de um infarto, em Couto Magalhães-TO. Passou mal de tarde e foi para um hospital, ficou em observação por certo tempo e o médico lhe deu alta. Morreu após chegar em casa. Negligência. Tudo indica que no atendimento não fizeram sequer o eletrocardiograma, pois se fizessem não o teriam dado alta. Algumas horas antes de morrer ele postou imagem na cama do hospital recebendo soro e gravou mensagem dizendo que tinha passado muito mal e que se não corresse para o hospital teria falecido. Pelo que relatou nesta mensagem a companheiros, era típico de enfartado. Estava em Tocantins, onde estava vivendo, mas seus familiares de Rondônia quiseram levar seu corpo para lá e ser enterrado onde vivem, em Cujubim, próximo de Ariquemes.

Zezão ou Pelé era importante liderança camponesa de massas, valente democrata revolucionário, partidário e defensor inconteste da Revolução Agrária e de nova democracia, o mais conhecido militante da Liga dos Camponeses Pobres; embora desenvolveu sua militância política e na luta pela terra no estado de Rondônia, atuou em vários outros estados. Logo após da Batalha de Santa Elina foi criado o Movimento Camponês Corumbiara (MCC) e a primeira tomada de terra da nova organização foi o latifúndio Primavera, na região de Theobrama-RO. Na mobilização e tomada lá estava Pelé. De tantas lutas e ocupação da sede do INCRA na cidade de Jaru-RO, Pelé estava lá, como sempre, combativo. A luta cresceu com mais e mais tomadas de latifúndio no estado, e numa destas, na região de Machadinho D’ Oeste, foi criada a Escola da Família Camponesa, dirigida pelo professor Fausto Arruda. Lá, num fundão do mundo, em plena selva, funcionava a escola no sistema de alternância da presença dos alunos num período de 15 dias na escola e outros 15 no sítio da família. As famílias contribuíam com o que podiam, mas logo a escola produzia todo tipo de alimento com o trabalho dos professores, alunos e apoiadores e mobilizadores pela educação. O companheiro Pelé é destacado atuante na defesa da escola e continuidade da luta pela terra.

Quando a luta interna no MCC recrudesceu entre dois caminhos, o da luta classista ou o da conciliação, o companheiro Pelé tomou posição pelo caminho da luta. Assim teve fim o MCC, dando lugar às Comissões Camponesas de Luta. Os companheiros da Liga Operária e Camponesa (LOC) que impulsionaram o MCC com os combatentes da Batalha de Santa Elina, em sua atuação no Norte de Minas Gerais, haviam decidido por separar a organização segundo as bases do campo e da cidade. A luta já avançara bastante e amadurecido o entendimento sobre a questão agrário-camponesa, podendo assim os companheiros operários impulsionarem a Liga Operária, tendo já inúmeros ativistas camponeses para desenvolver a Liga dos Camponeses Pobres, sendo criada a primeira seção dela no Norte de Minas. Entre muitos companheiros, Pelé foi um dos fundadores da LCP em Rondônia.

Pelé tinha seu estilo próprio muito pessoal de relação com as massas, gostava muito do povo e de sua classe. Era humilde e ouvia a todos, dizia sempre aos que atuavam de forma autoritária e arrogante com as massas que as “lideranças devem ser humildes e abaixar a cabeça para as massas quando elas falam”.

O Companheiro Pelé nasceu no sertão da Bahia, sua família migrou para Redenção no Pará e depois para Cacoal-RO, quando ele ainda era jovem. Sua participação na luta pela terra se iniciou com a família e com apoio da Pastoral da Terra. O latifúndio ocupado pelas famílias entre as quais estava o companheiro e seus parentes estava sendo atacado diariamente por pistoleiros. O padre italiano Ezequiel, preocupado com a violência do latifundiário e contra a opinião dos camponeses, resolveu ir à sede do latifúndio para discutir com o gerente e foi covardemente executado a tiros. A revolta do povo foi muito grande e os pistoleiros foram justiçados. Por influência da CPT, Pelé filiou-se ao PT e tornou-se militante assíduo deste até conhecer os companheiros da então LOC na tomada do latifúndio Primavera, em novembro de 1995, apenas alguns meses após a Batalha de Santa Elina. Nesta mobilização estava o Companheiro Pelé com seus parentes. Assim se formou o Acampamento Nelito (homenagem ao Manoel Ribeiro de Corumbiara, assassinado dias após a Batalha de Santa Elina).

Na reunião de fevereiro deste ano, da Comissão Nacional da LCP, ele foi duramente criticado por ter se candidatado a vereador, quando a posição da LCP é pelo boicote à farsa eleitoral. Pelé se colocou de forma autocrítica e foi punido com seu afastamento da Comissão Nacional (CN) até a próxima reunião, onde seria novamente avaliado. Ficou proibido neste período de falar ou se apresentar em nome da LCP. Há poucos dias esteve na região do Triângulo Mineiro numa tarefa a pedido da CN e a cumpriu bem. O Companheiro Pelé prestou muitos serviços às massas e à luta revolucionária, era muito conhecido no movimento popular em muitas partes do país e querido pelo povo onde atuava, não era um individualista e nem tinha ambições de poder pessoal. O Companheiro Pelé é produto desta nova fase do movimento camponês, assim como ele é a maioria das lideranças dessa classe. Esteve preso e torturado por mais de três vezes, sofreu vários atentados a tiros e era odiado pelos latifundiários e órgãos repressivos do velho Estado. Pelé era um quadro político de muitas habilidades e muito capaz, bem típico dos camponeses mais avançados. Suas contribuições à luta popular foram muitas e muito importantes.

Companheiro Pelé! Presente na luta!